Quae est ista quae ascendit de deserto, deliciis affluens, innixa super Dilectum suum? Quem é esta que sobe do deserto cheia de delícias e apoiada em seu Amado?

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O problema do mal


Caros leitores, um assunto muito bom de ser tratado é oque lhes trago neste artigo, o problema do mal.

Mas em que consiste o problema do mal?

O problema do mal, provém da ideia de que, a existência do mal é absolutamente contrária à existência de Deus. Esta ideia se manifesta mais claramente no paradoxo de Epicuro:

"Para Deus e o Mal continuarem existindo ao mesmo tempo é necessário que Deus não tenha uma das três características.

Se for omnipotente e omnisciente, então tem conhecimento de todo o Mal e poder para acabar com ele, ainda assim não o faz. Então Ele não é Bom.

Se for omnipotente e benevolente, então tem poder para extinguir o Mal e quer fazê-lo, pois é Bom. Mas não o faz, pois não sabe o quanto Mal existe , e onde o Mal está. Então Ele não é omnisciente.

Se for omnisciente e Bom, então sabe de todo o Mal que existe e quer mudá-lo. Mas isso elimina a possibilidade de ser omnipotente, pois se o fosse erradicava o Mal. E se Ele não pode erradicar o Mal, então porquê chama-lo de Deus ?"


 Pois bem, vamos à refutação deste miserável paradoxo.

 Como vimos no paradoxo de Epicuro, a existência do mal é absolutamente contrária às qualidades de Deus: onipotência, onisciência e onipresença. Por isso, muitos ateus se valem deste argumento para dizer que Deus não existe, pois se existe o mal, não existe um ser perfeito capaz de destruí-lo, pois do contrário já o teria feito.

 Mas, os ateus e outros que proferem este absurdo não se dão conta de um detalhe, um detalhe crucial:

 O mal não existe!

  Mas como assim? Não existe? Mas meu vizinho me xingou, minha namorada me traiu, fui assaltado... como o mal não existe? Como pode isso?

 A questão é muito mais simples do que se pensa, pois, como nos disse com maestria Santo Agostinho, para que o mal possa existir realmente, é necessário que haja o mal absoluto, donde dele se baseia o grau de maldade.

 Porém, para que haja o mal absoluto, este mal deve ser "purinho", não pode possuir nenhum bem. Mas se ele existe, possui a existência, e como bem sabemos, a existência é um bem, ou por acaso existir é algo mal? Óbvio que não.

 Então, se o mal absoluto existe, possui o bem da existência, logo não é absoluto.

Logo, a existência do mal absoluto é inviável, consequentemente o mal não existe em si mesmo.

Como disse o professor Fedeli, da Associação Cultural MontFort, "O que existe é o mal moral, isto é o mal enquanto ação. Há verbos maus. Não há substantivos maus. Roubar, assassinar, mentir, caluniar, etc são males morais, são ações más."

Então amigo, o mal não existe!

Mas então nos vem outra dúvida na cabeça... Oque é o mal então? Como falamos tanto de algo que não existe? Isso é ilógico!

Pois bem, isso é muito lógico, pois o mal consiste simplesmente na ausência do bem, assim como a escuridão não existe em si mesma, mas é simplesmente a ausência da luz, pois a luz podemos estudá-la, já a escuridão não o podemos o fazer. Assim também como o frio é a ausência de calor, a inércia é a ausência do movimento, etc... Ou mesmo podemos passar para um âmbito qualitativo...  O egoísmo é ausência de generosidade, a desonestidade é ausência de honestidade... Ou podemos ainda falar dos sentimentos... a tristeza é ausência de felicidade, o rancor é ausência de perdão, e por aí se segue uma lista imensa...

Então, nem mesmo um demônio é completamente mau, pois ele possui existência, possui inteligência, possui vida!

Espero ter sido claro nas explicações.

Sancta Mariae, ora pro nobis!

Marcelo Maciel.

5 comentários:

Dorothy Lavigne disse...

Um questão: então, uma vez que não ha o Mal Absoluto, isto significa que o Diabo pode praticar o bem?

Mais: se o Bem Absoluto existe, o Diabo pode pratica-lo?

Por que uma tese se contradizeria a si mesma?

Marcelo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcelo disse...

Não há contradição alguma, pois, o fato do mal absoluto e, consequentemente do mal em si não existirem, não impossibilida o fato de ocorrerem ações más.

Pois estas, não provém do mal em si [este inexiste], mas são simplemente os bens utilizados de forma desordenada e/ou fora de sua finalidade.

Exemplo 1.: Nós possuímos força física, isto é um bem, mas se ferimos outrém esta ação é má, pois utilizamos a força [bem] de forma errada.

Exemplo 2.: Uma arma de fogo é um bem, pois é fruto de nossa inteligência [bem maior ainda], no entanto se utilizada em um crime, ocasiona um má ação, mas não deixa de ser um bem. Logo é um bem utilizado de forma equivocada.

Deste mesmo modo, Lúcifer utiliza seus poderes [de natureza angélica] para fins aos quais não foram criados, logo ele realiza más ações.

Como você por ver, o mal em si não existe, mas apenas as más ações, que mesmo assim tem por necessidade um bem, que serve de objeto para a mesma.

Marcelo disse...

Cabe ressaltar a explicação do Prof. Fedeli, como disse sabiamente, o Mal não existe como enquanto substantivo, mas ocorre somente no verbo, ou seja, na ação.

Fato que comprova mais ainda a sua inexistência enquanto ente.

Anônimo disse...

@ Dorothy Lavigne

Satanás sendo anjo possui uma compreensão completa do nosso universo finito, assim ele sabia perfeitamente o que fazia quanto escolheu a queda. Ele não quer voltar atrá, não é que ele não pode, ele realmente não quer: não pode porque não quer.
Adão e Eva porém, sendo humanos, não tinham a mesma consciêcia que os anjos e sendo assim podem se arrepender de seu pecado de querer ser como Deus.

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