Por Jefferson Nóbrega
Fernão Lara Mesquita, publicou um texto reproduzido pelo jornal O Estado de S. Paulo com o título “Democracia é um subproduto da educação”, onde faz uma analogia das mudanças históricas, e suas relações com as revoluções educacionais.
Concordo com o articulista quando diz que a educação é libertária, mas discordo quando o mesmo deixa transparecer no texto que o advento protestante, foi o marco que trouxe a “luz” para um mundo que até então, perdia-se nas “trevas” dissipadas pela “falsidade das ‘verdades’ com que a Igreja sustentava o sistema de opressão”.
Segundo Fernão, o CATÓLICO Gutemberg ao criar a imprensa deu a todos a oportunidade da educação. O fato não deixa de ser verdade, mas é mentira pensar que a Igreja privava o povo de tal necessidade.
Sou partidário do axioma contido no texto: “...é o que a História confirma...” e digo-vos que o autor ignora fatos essenciais para dar força aos seu argumentos.
Conforme escreve o historiador THomas E. Woods PHD pela Universidade de Havard, a Igreja Católica foi fundamental para o surgimento da civilização ocidental como a conhecemos.
Séculos antes do herege Lutero vir ao mundo, a Igreja fomentou a educação como nenhuma instituição na história. Foi justamente com o apoio do Papado, dos grandes Teólogos e Canonistas que surgiram as primeiras Universidades em Bolonha, Paris, Montpellier e Oxford. O Papado garantiu a autonomia das instituições de ensino e outorgou os privilégios Pontificiais da Universidade Oxford em 1214.
Do papado, os universitários haviam também recebido privilégios apreciáveis em matéria beneficial: podiam receber benefícios eclesiásticos e gozar de seus rendimentos durante cinco ou sete anos sem residir no local e sem receber as ordens exigidas . O Chanceler da Universidade de Paris, Jean Gerson (1363 – 1429), filho primogênito de uma família camponesa de doze filhos e nascido na pequena Vila Ardennais, havia começado seus estudos no mosteiro Saint-Remi em Reims. (Rogério Côrte Sassonia – Épocas obscuras?)
O autor também fala de Lutero de uma forma gloriosa. O revolucionário Lutero parece até ser digno de ter um “São” antes de seu nome. No entanto, ele ignora que o responsável pela “liberdade”, comandou o massacre dos anabatistas alemães e realizou ataques contra Católicos e Judeus nos países protestantes. As posições de Lutero, contra os anabatistas, causaram a morte de pelo menos 30.000 camponeses. Foram as palavras de Lutero: “Eu, Martinho Lutero, exterminei os camponeses revoltados, ordenei-lhes os suplícios, que o seu sangue recaia sobre mim, mas o faço subir até Deus, pois foi ele quem me mandou falar e agir como agi e falei”. Centenas de rebeldes, segundo Goethe, foram torturados, empalados, esquartejados e queimados vivos. A Alemanha, disse o autor de Hermann e Dorothéia, “parecia um açougue onde a carne humana tinha preço vil”.( t Baschwitz, Hexen und Hexenprozesse. Die Geschichte eines Massenwalms und Bekampfung, Munique, 1963; / Ana Grossman, Brujas y proceso de brujeria, Barcelona, Luiz de Caralt, 1968, p. 261.)
Também a majestosa e PROTESTANTE Inglaterra, citada como exemplo no artigo, perseguiu impiedosamente os acusados de bruxaria, tendo inclusive uma lei específica para o caso outorgada pela Rainha Elizabeth em 1562. (conferir Witccraft and demonianism – C. L Ewen)
Outro fato que o autor não lembra acerca de Lutero, é que seu anti-semitismo foi decisivo no nascimento do Nazismo.
O “grande” Lutero escreveu o tratado “CONTRA OS JUDEUS E SUAS MENTIRAS”, obra esta, reproduzida na ’História do Anti-semitismo’, de Leon Poliakov. Dizia o raivoso Lutero contra os judeus:
“(…) Finalmente, no meu tempo, foram expulsos de Ratisbona, Magdeburgo e de muitos outros lugares… Um judeu, um coração judaico, são tão duros como a madeira, a pedra, o ferro, como o próprio diabo. Em suma, são filhos do demônio, condenados às chamas do Inferno. Os judeus são pequenos demônios destinados ao inferno.” (‘Luther’s Works,’ Pelikan, Vol. XX, pp. 2230).
”Queime suas sinagogas. Negue a eles o que disse anteriormente. Force-os a trabalhar e trate-os com toda sorte de severidade … são inúteis, devemos tratá-los como cachorros loucos, para não sermos parceiros em suas blasfêmias e vícios, e para que não recebamos a ira de Deus sobre nós. Eu estou fazendo a minha parte.” (‘About the Jews and Their Lies,’ citado em O’Hare, in ‘The Facts About Luther, TAN Books, 1987, p. 290).
E ainda:
“Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus.” (Martim Lutero: Concerning the Jews and their lies [A respeito dos judeus e suas mentiras], reimpresso em Talmage, Disputation and Dialogue, pp. 34-36.)
E esse é o magnífico Lutero celebrado no artigo de Fernão Lara Mesquita.
Outro trecho escrito pelo autor chama a atenção:
"A democracia moderna nasce da primeira grande vitória do pensamento científico sobre a ideologia (religião). E, daí por diante, seus progressos e retrocessos estarão sempre ligados a esse embate".
A história refuta a acusação acima. Sacerdotes Católicos realizaram invenções, escreveram tratados e desenvolveram teorias que afetam até hoje a ciência. Basta lembrar-mos que a Companhia de Jesus se dedicou à ciência como nenhuma outra instituição em sua época.
Deixo abaixo um trecho do artigo “Épocas Obscuras?” de Rogério Côrte Sassonia, que por sinal é riquíssimo em referências bibliográficas, que trata das contribuições da Igreja para a ciência. Trarei apenas alguns exemplos, pois são muitos para serem citados. Eis as obras dos Padres Jesuítas:
Foi o P. Christopher Scheiner (1573–1650), na sua obra Oculus (1619), o primeiro a provar a importância fundamental da retina na visão. Em 1630 publicou Rosa Ursina, sua principal obra. Nestes livros, P. Scheiner descreve algumas de suas descobertas e experimentos tais como a determinação do raio de curvatura da córnea e a descoberta da saída nasal do nervo óptico. Este mesmo padre fornecera provas concludentes sobre a faculdade de acomodação do olho, e se celebrizara pela descoberta das manchas solares e pela invenção do pantógrafo. Outro jesuíta, o P. Francesco Lana-Terzi (1631–1687) criara um alfabeto para surdos-mudos e um método de leitura para cegos. Na Matemática, o trabalho do P. Jesuíta belga Gregory Saint Vincent (1584–1667) Opus Geometricum Quadraturae Circuli et Sectionum Coni (1647) fez com que Leibniz o reconhecesse, ao lado de Fermat e Descartes, como um dos que estabeleceram as bases da geometria analítica. Pode-se citar também o P. Andrea Tacquet (1612–1660) cujas obras, dentre elas seu principal trabalho Cylindricorum et Annularium (1651), influenciaram Pascal. Neste mesmo século, o P. Girolamo Saccheri (1667–1733) lançava os fundamentos da primeira geometria não euclidiana em Euclides ab Omni Naevo Vindicatus (1733), obra que influenciou Riemann, Lobachevsky, Bolyai e Gauss. O P. Vincenzo Riccati (1707–1775), por sua vez, estudou equações diferenciais e integrais. Descobridor das funções hiperbólicas, ele encontrou as fórmulas padrão de adição para estas funções e sua relação com a função exponencial. Lambert é freqüentemente citado como o primeiro a introduzir as funções hiperbólicas, contudo, sabe-se que ele não o fez até 1770, enquanto o trabalho do P. Riccati foi publicado entre 1757 e 1767. Seu livro Institutiones é reconhecido como o primeiro tratado extensivo sobre cálculo integral. Na Física, foram importantes as contribuições do P. Jesuíta Francesco Grimaldi (1613–1663). P. Grimaldi descobriu a difração da luz e expôs a teoria ondulatória de sua propagação na obra Physicomathesis de Lumine (1666). Newton trata das proposições sobre difração da luz de Grimaldi na Parte III de sua Opticks (1704). Não se deve deixar de mencionar as contribuições do P. Jesuíta Rogério Boscovich (1711–1787) ao desenvolvimento teórico sobre a estrutura da matéria, expostas em sua Theoria Philosophae Naturalis, a qual traz esboços da teoria sobre quarks. Nas palavras de Thomson: “A natureza da coesão foi mais adequadamente explicada por Boscovich do que qualquer outro filósofo. Esta é a mais bela e satisfatória parte de sua teoria”.
Também foram importantes as contribuições dos Jesuítas à Astronomia e à Geofísica. Desde 1824 até hoje, 73 observatórios ao redor do mundo são operados por Jesuítas. Dentre os mais importantes e mais conhecidos estão o do Collegio Romano (Roma), Stonyhurst (Inglaterra), Kalocsa (Hungria), Ebro (Espanha), Georgetown (Washington), Havana (Cuba), Zikawei (China),
Manila (Filipinas), Tananarive (Madagascar), Riverview (Austrália) e Calcutá (Índia). Neste aspecto, não se deve deixar de citar as contribuições do P. Ângelo Secchi (1818–1878), em particular, seus trabalhos sobre classificação espectral de estrelas. Ele foi o primeiro a fazer uso sistemático desta técnica na classificação de estrelas, o que o fez ser chamado de “pai da Astrofísica”. Na Itália, fundou a Sociedade Italiana de Espectroscopistas, dedicada a estudos espectroscópicos do Sol. Destacam-se, do mesmo modo, as contribuições dos Jesuítas à Meteorologia, especialmente no estudo e previsão de furacões tropicais. (Rogério Côrte Sassonia – Épocas obscuras?)
Acima estão apenas PEQUENOS exemplos de como a Igreja Católica foi essencial para o desenvolvimento da ciência moderna.
Concordo com o autor sobre a necessidade da educação e sobre sua capacidade de mudar o mundo. E concordo justamente por ser católico e conhecer a riqueza que a Idade Média propiciou aos séculos futuros.
A educação traz revolução. Trouxe no renascimento. Mas, também transformou o ensino histórico em matéria anti-católica.
Só a educação liberta! Conforme diz o artigo. E pensando nisso que escrevo, pois enquanto não houver uma revolução no ensino escolar, onde aprende-se história sob uma óptica marxista e ateísta, mitos como o do texto que abordo continuarão a serem propagados. Pessoas continuarão achando que Galileu morreu na fogueira, que a Igreja ensinava que a Terra era plana enquanto a mesma representava ela de forma esférica em suas obras de arte... (vide imagem Nossa Senhora de Montserrat do Séc. XI) E continuaremos achando que estamos na “luz”, mas afundados em trevas de ignorância e preconceitos contra a fé Católica.
Fides, si non cogitatur, nulla est. (A fé, sem a razão, é nula.) Santo Agostinho, 354-430.
Jefferson Nóbrega
Apostolado Católico Digitus Dei
www.digitusdei.com.br
Referências:
- · Sassonia, Rogério Côrte - "Épocas obscuras?" MONTFORT Associação Cultural
- · Charle, C.; Verger, J.; História das Universidades; Tradução: Elcio Fernandes; Editora da Unesp: São Paulo, 1996.
- · Loureiro, M. A. S. (coord.); História das Universidades, Estrela Alfa: São Paulo, s/d.
- · Verger, J.; Homens e Saber na Idade Média, Tradução: Carlota Boto; EDUSC: Bauru, SP, 1999.
- · Verger, J.; As Univrsidades na Idade Média, Tradução: Fúlvia M. L. Moretto; Editora da Unesp: São Paulo, 1990.
- A Inquisição Protestante - Fernando Nascimento
Resposta do Jornalista Fernão Lara Mesquita:
Prezado jefferson,
não tenho qualquer controle sobre o que o jornal o estado de s. paulo, do qual sou mero colaborador eventual, publica ou deixa de publicar. registro a propósito, desde já, o meu pleito para que, no que depender de mim, sejam publicadas todas as manifestações de seus leitores a respeito de meu artigo, inclusive e principalmente as mais criticas.
antes de ir adiante indico ao leitor o site a que você se refere para que eles possam tomar conhecimento de suas criticas: http://www.digitusdei.com.br/
espero que voce faça o mesmo com esta resposta.
vamos a ela:
não sou ateu. acredito em deus mas não pratico nenhuma religião ou ritual estabelecido. respeito igualmente todas elas.
em nenhum momento afirmei que nunca tenha havido católicos que deram contribuições à ciência. o que disse é que Lutero foi o primeiro a propor a educação publica obrigatória para todos e bancada pelo estado (e os príncipes alemães, por exigência dele, os primeiros a instituí-la).
também nunca afirmei que os católicos não tenham criado e mantido as suas escolas antes e depois de Lutero, apenas que nunca propuseram educação obrigatória para todos como dever do Estado. a igreja católica sempre teve suas instituições, mas era absolutamente seletiva quanto a quem ensinava tanto quanto sobre o quê ensinava. isto é, não abraçava propriamente a idéia de criar um método para se procurar livremente a verdade a partir dos fatos, que é o que significa a expressão “pensamento científico”. a educação católica dedicava-se, antes, digamos assim, a estruturar métodos (dialéticos) para se sustentar “verdades reveladas” apesar do que pudessem os fatos sugerir aos mais distraídos.
numa das universidades católicas que o sr. menciona, a propósito, a de Bolonha, é que foi urdida, por volta de 1300, a falsificação do direito romano com que ate hoje nos vemos às voltas, criada para dar forma jurídica ao “direito divino” dos reis absolutistas e suas famílias de governar seus povos para todo o sempre que teria sido “revelado” à igreja de Roma. foi ela que nos desviou do direito natural (common law) que a Europa inteira adotava até então e a Inglaterra e seus desdobramentos continuam adotando até hoje, onde o juiz não tem poderes arbitrários para julgar e sentenciar, mas apenas o de conferir, com auxilio de testemunhas e de um juri, segundo um método pré-estabelecdo, se o caso em julgamento é ou não é semelhante ao precedente em que se baseou para entrar no tribunal, caso em que terá obrigatoriamente a mesma sentença do precedente.
isso explica em grande parte a diferença de grau na corrupção que afeta os países amarrados a esse falso “direito romano”, como o Brasil e outros latinos da Europa, e os que continuaram seguindo a “common law” que, até antes de Bolonha, era um patrimônio de toda a humanidade..
creio que o sr. foi infeliz na escolha do adjetivo “herege”, pendurado ao nome de Lutero, para defender o espírito democrático da igreja católica, já que era justamente esta a acusação para a qual a Inquisição prescrevia, depois da tortura do suspeito de heresia, a pena de morte na fogueira.
e aí entramos em outro ponto do meu artigo: foi só quando se sentiu livre dessa ameaça, pela primeira vez na Europa na Inglaterra pós Henrique VIII, que a inteligência pode se entregar à experimentação (que seria uma heresia contra o dogma da revelação) o que levou à estruturação do pensamento científico e ao renascimento.
não vem ao caso discutir, também, quem matou mais judeus, se foi a Inquisição ou os seguidores de Lutero, e qual dessas variedades de pogroms foi mais decisivo para o “renascimento” do nazismo (que, confesso, não me constava que tivesse vivido antes do período que o tornou mais celebre).
enfim, prezado jefferson, a historia nos mostra que perigoso mesmo é acreditar que só existe uma verdade e misturar religião com política, ou seja, dar cor religiosa a quem deve ter o monopólio da força ou vice-versa, porque invariavelmente, quando se faz isso, quem dispõe dessa arma acaba por usá-la e isso, em geral, é mortal para quem não professa a fé oficialmente aceita como “A verdadeira”.
democracia, é o que procurei mostrar naquele artigo, é a tradução institucionalizada do conceito de TOLERÂNCIA, e estaremos tanto mais próximos dela quanto mais nos afastarmos de expressões e pensamentos que supõem o conceito contrário, de INTOLERÂNCIA, como é o caso daquilo que encerra a palavra “herege”.
a História é a Historia, e o que tenhamos sido porventura, no passado, não determina irretorquivelmente o que teremos de ser no futuro, estejamos falando de pessoas, individualmente, ou de suas obras, como são as igrejas. a idéia geral é de que todos podemos melhorar, desde que tenhamos a coragem de sustentar uma visão critica a respeito do que já fomos. creio que é para isso, afinal, que servem as religiões quando olhadas por seu lado positivo. (http://vespeiro.com/2011/03/21/democracia-e-um-subproduto-da-educacao/#comment-921)
Minha Resposta:
Caro Fernão,
Antes de tecer algumas considerações, gostaria de ressaltar que não discordei de seu artigo em totalidade, mas apenas nos pontos em que se aplicava uma certa culpabilidade a Igreja Católica.
Conforme expressado em sua resposta, pode não ter sido sua intenção negar a contribuição Católica a ciência e a educação, no entanto, repito que foi o que seu artigo deixou transparecer, gerando protesto não só de minha pessoa, mas de outros leitores conforme pode ser visto no fórum do Estadão.
Com relação a sua crítica ao método de ensino da Igreja, é preciso entender a cultura da época. Não podemos nos escandalizar que as Universidades Pontifícias ensinassem de acordo com a Igreja, já que a ela estavam submetidas. E a missão da Igreja é a mesma desde seu início, levar a verdade revelada a todos os povos. Aliás, é um absurdo para nós Católicos, a situação em que as Universidades Católicas espalhadas pelo mundo se encontram hoje totalmente alheias a nossa fé. As universidades medievais usavam o método Lectio e disputatio, ou seja, não bastava apenas o que ensinava-se nas aulas, era preciso que se realizassem debates livres onde diferentes opiniões eram confrontadas. Diz Pieper: “Houve na universidade medieval a instituição regular da “disputatio”, que, por princípio, não recusava nenhum argumento e nenhum contendor, prática que obrigava, assim, à consideração temática sob um ângulo universal”.( Pieper, J.; Abertura para o Todo: a Chance da Universidade, Trad.: Gilda N. M. de Barros e Luiz Jean Lauand, http://www.hottopos.com.br/mirand9/abertu.htm, acessado em 30/08/2005.)
É um engano pensar que as pessoas viviam em clima de opressão. E conforme demonstrei em meu primeiro texto, a submissão aos dogmas católicos não é um antônimo de desenvolvimento científico, vide os inúmeros de exemplos que citei.
A escolha da palavra Herege quando me referi a Lutero, que de sua parte considera “infeliz”, eu a fiz de maneira proposital, pois essa é a designação que a Igreja prescreve até hoje, para alguém que tenha sido batizado como Católico e tenha negado verdades de fé. Chamei Lutero de herege, pois é assim que o consideramos.
"creio que o sr. foi infeliz na escolha do adjetivo “herege”, pendurado ao nome de Lutero, para defender o espírito democrático da igreja católica, já que era justamente esta a acusação para a qual a Inquisição prescrevia, depois da tortura do suspeito de heresia, a pena de morte na fogueira".
A Inquisição do qual o senhor cita acima, é justamente a instituição mas deturpada da história. Todos são capazes de falar sobre ela baseado nos sofismas herdado durante séculos. Conforme diz a própria Enciclopédia Iluminista de 1765, os tribunais inquisitórios foi vítima de intensos exageros:
"Sem dúvida, imputaram-se a um tribunal, tão justamente detestado, excessos de horrores que ele nem sempre cometeu; mas é incorreto se levantar contra a Inquisição por fatos duvidosos e, mais ainda, procurar na mentira o meio de torná-la odiosa". (Encyclopédie cit., VIII,1765,).
Mas, é impossível traçar uma defesa da Inquisição em um curto artigo, portanto recomendo a leitura da obra A Inquisição em seu mundo do Prof. João Bernadino Gonzaga, uma obra imparcial onde ele analiza o direto penal da inquisição baseando-se na mentalidade da época. Pois, é um erro condenar a Idade Média baseando-se em liberdade de expressão, liberdade de crença, direitos humanos, já que estes são conceitos modernos que até a duzentos anos atrás (depois de Lutero), era inconcebível da forma que conhecemos.
Nós jovens Católicos Tradicionalistas (assim que nos chamam), somos a prova que é possível buscar o conhecimento sendo fiel ao Santo Magistério Católico.
No mais, mesmo discordando quando trata do catolicismo, seu artigo é riquíssimo em informações e um clamor necessário pela educação. E espero que também, que mesmo o senhor discordando de meu ponto de vista, que eu possa ter acrescentado informações históricas úteis.
Pax et bonvs!
Jefferson Nóbrega
Apostolado Digitus Dei
Ad Marjorem Dei Gloriam
1 comentários:
Informa ainda que o texto acima foi enviado ao Estadão e ao autor.
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