Quae est ista quae ascendit de deserto, deliciis affluens, innixa super Dilectum suum? Quem é esta que sobe do deserto cheia de delícias e apoiada em seu Amado?

domingo, 21 de novembro de 2010

O Papa e o preservativo: Breve esclarecimento.

Caríssimos leitores,


   Recentemente a mídia gritou, quer dizer, divulgou que no livro-entrevista do jornalista alemão Peter Seewald, o Papa Bento XVI teria voltado atrás e aceito uso do preservativo como meio de combate à propagação da Aids.

   Pois bem, tal alarde provocou até mesmo uma precipitada declaração de Michel Sidibé, diretor da Unaids, programa criado pela ONU para combater a propagação da Aids. Esta 'declaração-elogio' é na verdade uma ofensa, pois leva os desinformados à pensar que a Igreja se flexibilizou, como ousou a dizer o site G1 da Globo, grande propagador desta falácia.

   Então, resolvi escrever este breve esclarecimento para que fiquem tranquilos, pois o Santo Padre não caiu em contradição e muito menos preferiu heresia.

   Eis os trechos da entrevista:

Jornalista: “Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?”


Papa: «É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.»

“pode haver casos isolados justificados, como quando uma prostituta utiliza um preservativo”.


“Isto pode ser o primeiro passo para uma moralização, um primeiro acto de responsabilidade para desenvolver a tomada de consciência de que nem tudo é permitido e que não podemos fazer tudo o que queremos”.

   Está claríssimo que a declaração do Papa foi distorcida. Ora, o Papa não disse que o uso do preservativo é uma saída para combater o vírus da Aids, como afirma a mídia, muito pelo contrário: "É evidente que ela (Igreja) não a considera (utilização do preservativo)  uma solução verdadeira e moral",   mas disse que o uso do preservativo em alguns casos pode ser "um primeiro ato de responsabilidade", e que a partir do mesmo a pessoa desenvolva consciência de que não pode fazer tudo que lhe der vontade, pois esta premissa é necessária para a compreensão e aceitação de uma vida sexual natural e moralmente correta, logo, de acordo com o Evangelho.

   Isto pode ser trocado pelo exemplo de um alcoólatra, que passa a diluir sua cachaça em água para não lhe faça tanto mal. Ora, a solução é parar de beber, ao invés de beber cachaça com água, mas este ato do alcoólatra, apesar de não ser a solução correta, é um primeiro ato de responsabilidade dele, um passo que pode ser o início de uma caminhada que resulte na sua abstenção total da bebida.

   E se alguém disser que diluir a cachaça pode ser um princípio de desenvolvimento de consciência do alcoólatra, apesar de não ser a correta solução, não quer dizer que esta pessoa ache lindo e maravilhoso beber cachaça diluída, mas muito pelo contrário, esta pessoa almeja que o alcoólatra a partir deste ato desenvolva a consciência do mal que lhe está causando este vício e liberte-se dele. Esta é, pois, a verdadeira intensão do Papa nas suas declarações sobre o uso do preservativo.

   Encerro aqui meu breve esclarecimento acerca desta polêmica, espero ter sido bem claro e peço-lhes que não se deixem influenciar pelos absurdos que a mídia grita pelo mundo a fora.

Obs.: Trechos da entrevista extraídos do site da Agência Ecclesia e do blog Frate in Unum.com.


Sancte Michael Archangele, defende nos in praelio!
Marcelo Maciel.
  

5 comentários:

O Insuspeito disse...

O Vaticano já reagiu à polémica das palavras do Papa.

Tomei a liberdade de traduzir no meu blogue…

Anônimo disse...

PERGUNTA:

[…] Em África, Vossa Santidade afirmou que a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da SIDA/AIDS. Os críticos, provenientes também da Igreja, dizem, pelo contrário, que é uma loucura proibir a utilização de preservativos a uma população ameaçada pela SIDA/AIDS.

RESPOSTA:

Em termos jornalísticos, a viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da SIDA/AIDS, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito – uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. E mantenho o que disse. Faz mais porque é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas, agindo preventivamente, educando, ajudando, aconselhando, acompanhando. Faz mais porque trata como mais ninguém tantos doentes com Sida e, em especial, crianças doentes com sida. Pude visitar uma dessas unidades hospitalares e falar com os doentes.

Essa foi a verdadeira resposta: a Igreja faz mais do que os outros porque não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno. Não tinha, nesse contexto, dado a minha opinião em geral quanto à questão dos preservativos, mas apenas dito – e foi isso que provocou um grande escândalo – que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença.

Efetivamente, acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais. Desenvolveu-se entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria ABC, que defende “Abstinence – Be faithful – Condom” (“Abstinência – Fidelidade – Preservativo”), sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa.

Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por VIH/HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade.

Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?

É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.»

In Bento XVI, Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos – Uma conversa com Peter Seewald, Lucerna, 2010.

Anônimo disse...

NOTA DO VATICANO SOBRE AS PALAVRAS DO PAPA

«No final do décimo capítulo do livro "Luz do mundo", o Papa respondeu a duas perguntas sobre a SIDA e o uso de preservativos, questões que remontam ao debate que se seguiu às palavras do Papa sobre este assunto, na sua viagem à África em 2009.

O Papa confirma claramente que, nessa ocasião, não quis tomar posição sobre a questão do preservativo, em geral, mas tinha a intenção de argumentar fortemente que o problema da SIDA não pode ser resolvido apenas com a distribuição de preservativos, é necessário mais: prevenir, educar, ajudar, aconselhar e estar com as pessoas, tanto para evitarem a doença como para acompanhar as que já estão doentes.

O Papa também observa que também na Igreja se desenvolveu uma consciência semelhante, como o demonstrado pela teoria do chamado método "ABC" (Abstinência, Fidelidade e Condom - preservativo), em que os dois primeiros elementos (abstinência e fidelidade) são muito mais determinantes e fundamentais na luta contra a SIDA, enquanto o preservativo é finalmente apresentado como uma alternativa, enquanto faltam os outros dois elementos. Portanto, deve ficar claro que o preservativo não é a resolução do problema.

O Papa amplia depois a sua visão e insiste em que concentrar-se somente no preservativo significa a banalização da sexualidade, perdendo esta o seu significado de expressão do amor entre pessoas e tornar-se uma "droga". Combater a banalização da sexualidade é "parte do esforço para garantir que a sexualidade é valorizada e pode exercer o seu efeito positivo no ser humano na sua totalidade."

À luz desta visão ampla e profunda da sexualidade humana e da sua problemática actual, o Papa reafirma que "é claro que a Igreja não considera que os preservativos como solução verdadeira e moral" para o problema da SIDA.

Assim, o Papa não reforma ou muda a Doutrina da Igreja, mas a re-afirma, colocando-se numa perspectiva do valor e da dignidade da sexualidade humana como uma expressão de amor e responsabilidade.

Ao mesmo tempo, o Papa considerou uma situação excepcional em que o exercício da sexualidade é um risco real à vida do outro par. Nesse caso, o Papa não justifica moralmente o exercício desordenado da sexualidade, mas considera que o uso de preservativos para reduzir o risco de infecção é um "primeiro acto de responsabilidade”, um primeiro passo no caminho para uma sexualidade mais humana ", ao invés de não usá-lo, colocando em risco a vida de outra pessoa. Nesse sentido, o raciocínio do Papa não pode ser definido como uma mudança revolucionária.

Muitos teólogos morais e personalidades da Igreja autorizadas afirmaram e afirmam posições semelhantes. Mas é verdade que ainda não tínhamos ouvido falar tão claramente dos lábios de um Papa, embora de uma forma coloquial e não Magisterial.

Bento XVI dá-nos, portanto, corajosamente, uma contribuição importante para esclarecer e aprofundar uma questão muito debatida. É uma contribuição original, uma vez que, por um lado mantém a fidelidade aos princípios morais e demonstra sinceridade ao rejeitar uma caminho ilusória, como é "a confiança no preservativo”.

Por outro lado, no entanto, expressou uma visão ampla compreensiva e atenta para descobrir os pequenos passos – ainda que apenas iniciais e ainda confusos – de uma humanidade espiritual e culturalmente muito pobre, para um exercício mais humano e responsável da sexualidade.»

FONTE: http://saudedalma.blogspot.com/

Mariano David Soares disse...

EXCESSÃO. A HUMANIDADE A UM TRIZ DE UM CAOS TOTAL.
Atenção Brasil, procure acompanhar com atenção as notícias atuais. O que eu sempre temia, está a um passo de acontecer. Não é a Igreja que tem que adaptar à Sociedade, mas a Sociedade à Igreja. Se o leitor, a leitora, já captou sabe de que estou falando. A SUA SANTIDADE O PAPA ESTÁ ABRINDO EXCESSÃO PARA O USO DO PRESERVATIVOOOOO. Se a sociedade está pensando que com isso vai me intimidar com minha Campanha, está redondamente enganada, pelo contrário, vai fortalecer ainda mais. Cristo disse em Mateus capítulo 22, versículo 14: Muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos. Mt. 22, 14. Essa decisão do Papa não passa da pressão da Sociedade, para não dizer que Ele está com medo de perder fiéis para os “Evangélicos”, pois os “evangélicos” estão adotando o preservativo no Planejamento Familiar, e não estão se opondo em o Governo distribuir preservativos a menores de idade. AGORA A HUMANIDADE ENLOUQUECEU DE VEZ: SODOMA E GOMORRA. Se você leitor (a), está concordando com essa idéia, ABANDONE A IGREJA. É melhor praticar a iniqüidade fora da Igreja do que ser um lobo revestido com pele de carneiro. Aí você pode perguntar: E a AIDS? Eu te digo: Paciência, o salário do pecado é a morte. Romanos 6, 23. Pratique o sexo conforme o ensinamento bíblico que não pegará AIDS e nem engravidará precocemente. Há muito a voz do povo deixou de ser a voz de Deus. Para maiores detalhes acesse no Google: http://mariano.soares.zip.net Atenciosamente,
Mariano. (Tel.: 67 3232-5064.

Nelson Monteiro disse...

Mariano (que de mariano só tem o nome)o Marcelo tocou muito bem no assunto. Se não considerou claro, pergunte a ele ou tente refutá-lo. Ademais os comentários que antecedem o seu trazem informações adicionais que mostram que o Papa não defendeu seu uso.

Tomo a liberdade de copiar parte do artigo do Diogo Linhares, do blog captare777.wordpress.com sobre a questão:

"É claro que o uso da camisinha é imoral! É claro que o papa não defendeu ipsis litteris a moralidade deste uso! É claro que pensar que usar a camisinha para evitar infectar outras pessoas se trata de um primeiro passo na moralização – em princípio! – é uma grande ilusão! Mas é claro que existem, mesmo que poucas, mesmo que só teóricas, exceções, pois a preocupação com o bem de outra pessoa é sim uma via pela qual a pessoa pode começar a entender os preceitos morais!"

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