QUESTÃO 20.
Sou um homem de um só livro.
São Tomás de Aquino
Sacrificamos o intelecto a Deus.
Inácio de Loyola
As citações acima foram escritas por dois pensadores católicos do período medieval. Ahegemonia da igreja católica neste período
conferiu um determinado tipo de pensamento ao homem desta época. Acerca do pensamento católico medieval podemos aferir:
a) a ciência e a prática da razão eram estimuladas pela igreja católica.
b) somente a partir da razão podemos chegar a deus.
c) o antropocentrismo e a valorização do homem são as principais características do pensamento da época.
d) o empirismo e a observação dos fenômenos da natureza são profundamente difundidos pelo pensamento da época.
e) o teocentrismo como base do pensamento medieval garantia a hegemonia religiosa e cultural da igreja católica.
REFUTAÇÃO:
A resposta que, segundo a ESADE, está certa é a da letra E.
Comecemos então com as supostas frases dos santos. Sabe de onde o professor tirou estas frases? Você deve estar pensando que é de alguma das obras dos santos neh? Errou feio! De algum escrito antigo que ateste uma forte tradição? Mais uma vez errado! Ele tirou do livro do famoso e desonesto ateu Christopher Hitchens, livro chamado: “deus não é grande”. Você poderá encontrar as duas citações no cap. 5, mais especificamente na pág. 65, tente achar no Google Livros que está lá. Incrível! O autor usou uma fonte atéia para fazer a questão, nada mais tendencioso.
A primeira frase que é atribuída a São Tomás de Aquino não existe! Você nunca encontrará algo assim em suas obras, nem faz sentido sendo ele um filósofo e grande propagador da razão. A verdadeira frase, que você também não encontrará em suas obras, é: "Timeo hominem unius libri" - "Temo o homem de um só livro". Grande sabedoria! Equivale a dizer: "Temo o homem que domina uma matéria." Isto é compreensível, se formos disputar um assunto com alguém que já o domina é natural que temamos o nosso opositor. Debata sobre o que é contado no livro Êxodo com alguém que o lê mensalmente para ver o que acontece.
Como disse essa frase [digo a verídica] não se encontra nas obras de São Tomás de Aquino, porém, tem uma tradição de pelo menos um pouco mais de 3 séculos. O bispo Bispo Jeremy Taylor, que nasceu em 1613, foi o primeiro a anotar essa frase atribuindo ao Santo. Então, talvez São Tomás de Aquino nunca a tenha dito, se a disse a frase foi uma grande sabedoria e não aquela bobagem que Hitchens bolou. Paulin Limayrac, na obra "Revue des Deux Mondes", cita a mesma frase não atribuindo a São Tomás, mas a Marco Túlio Cícero .
Vamos agora para a segunda frase. Primeiro, erra o autor da questão em chamar Santo Inácio de Loyota de "pensador católico do período medieval", Santo Inácio foi pensador moderno. Um professor confundindo os períodos, onde vamos parar?! A Idade Média terminou em 1453 e Santo Inácio de Loyola nasceu só em 1491, décadas depois do término da Idade Média. E mesmo que tomemos o descobrimento da América como marco final da Idade Média (1492), ainda assim, Santo Inácio de Loyola não poderia ser pensador medieval, pois, teria apenas um ano. Foi nesse um ano que Santo Inácio de Loyola se tornou pensador? E se foi, foi pensador de um ano de duração? É digna de pena esta confusão.
Eu procurei em suas obras a frase: "Sacrificamos o intelecto a Deus", e não achei. Veja bem, não estou dizendo que não exista, apenas não achei. Santo Inácio tem várias obras, milhares de cartas, literalmente. Não duvido que seja outra mentira.
O que encontrei que mais se aproxima com a frase citada foi uma oração que ele fez chamada: A Vontade do Pai. Leiamos:
“Tomai, senhor, e recebei toda a minha liberdade, minha memória, minha inteligência e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo. Vós m'o destes; a vós, Senhor, o restituo. Tudo é vosso; Disponde de tudo inteiramente, segundo vossa vontade. Dai-me o vosso amor e graça, que esta me basta.
Amém.”
Contexto bem diferente do que quis interpretar Hitchens e o professor. Vemos aí um âmbito espiritual e não de alienação. O santo expressa seu querer de renunciar a tudo. Esvaziar-se, bastando-o ter Deus. Ter inteligência é ter capacidade de raciocinar, compreender, etc. não tem nada a ver com não querer seguir o que sua razão lhe mostra para ficar com a "fantasia", que no caso seria Deus. Perder esta capacidade não é o mesmo que recusar seguir o que o intelecto alerta para poder aí acreditar em Deus já que não seria possível com a razão.
A resposta sendo "E" faz com que "teologia" seja tida como sinônima de "ignorância" ou antagônica da razão.
Eu reconheci a letra "A" como certa.
Vejam o que ela diz e veja baseado a que a escolhi. Ela diz:
a) a ciência e a prática da razão eram estimuladas pela igreja católica.
Basearia em:
1. Filósofos da Idade Média: João Escoto, Arcebispo Anselmo, Pedro Lombardo, Bispo Alberto Magno, Cardeal São Boaventura, Padre Tomás de Aquino, Cônego Hugo de São Vitor, Beato Jhon Duns. Só para citar alguns...
2. - Cientistas do clero: Padre Roger Bacon já defendia o ponto central da ciência moderna o experimento. Disse: “Sem experimento nada pode ser conhecido adequadamente”, Santo Alberto Magno que também dava grande importância importância do experimento, Cardeal Nicolau de Cursa, antes de Nicolau Copérnico já dizia que a Terra não estava no centro do universo, Papa Silvestre II, Bispo Grosseteste. Só para citar alguns...
3. A Igreja Católica foi a criadora da Universidade. Era ensinado Medicina, Direito (A Igreja foi pioneira , criado séc. 12), Teologia e Filosofia. Tinha grandes debates, assistidos, muitas vezes, por multidões de alunos.
4. A Igreja Católica criou escolas. Papa Alexandre III (morreu em 1181) obrigou que cada diocese tivesse, pelo menos, uma escola gratuita para as crianças. Eram alfabetizadas lendo a Bíblia.
5. Ciência econômica foi criada por padres católicos e professores católicos.
6. A Igreja Católica foi a instituição que mais estimulou e contribuiu para a astronomia durante seis séculos.
Por tudo isto, eu marquei a letra "A". Infelizmente, será tida como questão errada. Ao menos, a maioria dos historiadores não aceita que a Idade Média foi um tempo de total ignorância e oposta a ciência. Um grande atentado estão fazendo conosco, controlando o pensamento de todos os meios, isso sim, garante hegemonia, mas atéia em nossa sociedade.
QUESTÃO 43.
Apesar da ciência, ainda é possível acreditar no sopro divino – o momento em que o Criador deu vida até ao mais insignificante dos micro-organismos?”Resposta de Dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, nomeado pelo papa Bento XVI em 2007:
“Claro que sim. Estaremos falando sempre que, em algum momento, começou a existir algo, para poder evoluir em seguida. O ato do criador precede a possibilidade de evolução: só evolui algo que existe. Do nada, nada surge e evolui.” LIMA, Eduardo. Testemunha de Deus. SuperInteressante, São Paulo, n. 263-A, p. 9, mar. 2009 (com adaptações).
Resposta de Daniel Dennet, filósofo americano ateu e evolucionista radical, formado em Harvard e Doutor por Oxford:
“É claro que é possível, assim como se pode acreditar que um super-homem veio para a Terra há 530 milhões de anos e ajustou o DNAda fauna cambriana, provocando a explosão da vida daquele período. Mas não há razão para crer em fantasias desse tipo.”
LIMA, Eduardo. Advogado do Diabo. SuperInteressante, São Paulo, n. 263-A, p. 11, mar. 2009(com adaptações).
Os dois entrevistados responderam a questões idênticas, e as respostas a uma delas foram reproduzidas aqui. Tais respostas revelam opiniões opostas: um defende a existência de Deus e o outro não concorda com isso. Para defender seu ponto de vista,
(A) o religioso ataca a ciência, desqualificando a Teoria da Evolução, e o ateu apresenta comprovações científicas dessa teoria
para derrubar a ideia de que Deus existe.
(B) Scherer impõe sua opinião, pela expressão “claro que sim”, por se considerar autoridade competente para definir o assunto,
enquanto Dennett expressa dúvida, com expressões como “é possível”, assumindo não ter opinião formada.
(C) o arcebispo critica a teoria do Design Inteligente, pondo em dúvida a existência de Deus, e
o ateu argumenta com base no fato de que algo só pode evoluir se, antes, existir.
(D) o arcebispo usa uma lacuna da ciência para defender a existência de Deus, enquanto o filósofo faz uma ironia, sugerindo que qualquer coisa inventada poderia preencher essa lacuna.
(E) o filósofo utiliza dados históricos em sua argumentação, ao afirmar que a crença em Deus é algo primitivo, criado na época cambriana, enquanto o religioso baseia sua argumentação no fato de que algumas coisas podem “surgir do nada”.
REFUTAÇÃO:
A resposta que, segundo a ESADE, está correta é a "D".
Diz: "o arcebispo usa uma lacuna da ciência para defender a existência de Deus, enquanto o filósofo faz uma ironia, sugerindo que qualquer coisa inventada poderia preencher essa lacuna."
O Arcebispo não usou uma lacuna da ciência. Nós não tratamos Deus como hipótese científica. Na verdade, ele usou a lógica, que dará inevitavelmente a existência de Deus. Que outra resposta poderia existir, a não ser Deus? Não é possível que hajam infinitas lacunas a se descobrir, isso é irracional. O filósofo parte do raciocínio de que "do nada, nada surge", logo poderemos concluir que alguém sempre existiu para fazer surgir.
Não dizemos que TODA CAUSA TEM UMA CAUSA, e sim que TODO EFEITO TEM UMA CAUSA. E racionalmente vemos que para haver existência, sequência de causas é necessário uma primeira eterna, pois aí sim, pode ser dito "as coisas não surgem do nada". E não adianta interrogar: "E como deus surgiu do nada?" Pois não dizemos que Deus surgiu do nada e sim que Ele sempre existiu.
Explica São Tomás de Aquino:
"Se é verdade que tudo pode não ser, pode ter havido um momento em que nada havia, mas então nada hoje existiria, pois o que não é só passa a ser por intermédio de algo que já é. É necessário, pois, que sempre algo seja."
Ou seja, nada completa, a não ser Deus, pois, sendo primeiro, é eterno, atemporal, inteligente e ato puro.
Vejam o vídeo abaixo. O ateu é massacrado pelo apologista Willian Lane. O ateu tentou preencher a suposta lacuna com um "computador". Reparem que o fim é inevitável:
Nelson Monteiro.
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