Quae est ista quae ascendit de deserto, deliciis affluens, innixa super Dilectum suum? Quem é esta que sobe do deserto cheia de delícias e apoiada em seu Amado?

sábado, 5 de junho de 2010

Respondendo às "Perguntas aos Católicos sobre Sola Scriptura"

Neste ato responderei às indagações publicadas no site CACP no dia 30/04/2007 sobre Sola Scriptura, título: “Perguntas aos Católicos sobre Sola Scriptura”. 
Link: http://www.cacp.org.br/catolicismo/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=144&menu=2&submenu=16
Será gratificante refutar as enroladas interrogações. As perguntas estarão em vermelho, enquanto minhas respostas em azul.

1.    Se a igreja Católica Romana deu a Bíblia ao mundo, sendo infalível em suas decisões, então por que muitos membros de seu clero rejeitaram os livros apócrifos?

Em primeiríssimo lugar os livros que você fala não são apócrifos e sim deuterocanônicos, ou seja, aceitos em segunda instância, assim como, foram alguns deuterocanônicos do NT, são eles: Tiago, Hebreus, 2 Pedro e 2 e 3 João e mais notavelmente, Apocalipse. O fato de uma parte dos pais da Igreja terem rejeitado todos ou alguns dos livros deuterocanônicos não faz da Igreja falível. A opinião desses não faz a opinião da Igreja. O Papa é infalível quando fala em ex cathedra e a fórmula pode ser encontrada no Concílio do Vaticano I (1869 -1870). Até esses tempos a Igreja não emitiu nenhum juízo universalmente quanto aos livros. Por isso, das divergências, não só dos 7 livros como também em relação a Ester e os livros citados do NT.
Portanto, a rejeição de membros da Igreja quanto qualquer matéria teológica não faz a rejeição da Igreja Católica. Esses mesmos que você menciona sempre estiveram em submissão a Roma.
Santo Agostinho (aceitava todos os deuterocanônicos como inspirado):
"Os decretos de dois concílios relativos ao assunto foram submetidos à Sé apostólica; já chegou a resposta, a causa está julgada"
"Roma falou, causa encerrada" [S.Agostinho, Sermones 131.10]
São Jerônimo (aceitava Baruc, Judite e acrescentações de Daniel como inspirados):
“Que pecado eu cometi se segui o julgamento da Igreja? (Contra Rufinus 11,33)
"Julguei que devia consultar a este respeito a cadeira de Pedro e a fé apostólica, pois só em vós está ao abrigo da corrupção o legado dos nossos pais".
São Cipriano (aceitava todos os deuterocanônicos como inspirados) dizia que: os Romanos estão "garantidos na sua fé pela pregação do Apóstolo e são inacessíveis à perfídia do erro" (o apóstolo dos romanos é S. Pedro).

Roma rejeitou ou pôs em dúvida a canonicidade e autoria das epístolas de Tiago e Hebreus. Então porque mais tarde veio aceitá-los?

Errado. Roma não pôs dúvidas sobre a canonicidade desses livros. Você engloba como “Roma”, mais uma vez, opiniões de alguns dos pais da Igreja que não tinham esses livros como inspirados. A Igreja Católica não põe dúvidas sobre nada, ela emite juízos infalíveis sobre questões de fé e moral.
E como ela pode aceitar livros como sagrados sendo que mais tarde estes vieram a ser rejeitados?
Quais? Quando? Sua pergunta é insuficiente para receber respostas.

2.Se a igreja Católica realmente é dirigida pelo Espírito Santo de modo que os católicos podem confiar nela como sendo " a única igreja verdadeira", por que ela errou em coisas tão simples assim?

Não errou. Membros do corpo não são a Igreja, fazem apenas parte dela.

3.Se a igreja Católica Romana definiu o cânon em 397 d.C. então por que versões diferentes daquele mesmo cânon continuou a circular tempos depois?

A Igreja Católica Apostólica Romana definiu para toda a Igreja no Concílio de Nicéia II (787), implicitamente, confirmado no Concílio de Florença(1442), explicitamente.
Os dois concílios acima foram ecumênicos. Concílios regionais não gozam de infabilidade e nem requerem adesão de toda a igreja (comunidade), por isso, apesar da diminuição dos que não aceitavam esses livros, continuou em número cada vez menor os que negavam.  Houve dois concílios antes do de 397 (Cartago III) que listou todos os deuterocanônicos, são eles: Concílios de Roma (382) e Hipona I (393)

4. Se a igreja Católica Romana definiu o cânon em 397, por que então a iniciativa foi de dois Sínodos africanos: Hipona (393 d.C) e Cartago, (397 d,C) e não de Roma?
Obs: mesmo que o concílio de Cartago em 393 tenha consultado Roma sobre o assunto do cânon não prova que Roma teve alguma participação direta ou iniciativa em determinar o cânon.
Ademais os dois concílios mencionados estavam sobre o controle das igrejas que mais tarde iriam tornar-se o que hoje conhecemos como " igreja ortodoxa". Como podem dizer que foi a igreja Católica Romana quem determinou o Cânon? Sendo assim, seria a Igreja Ortodoxa e não a católica romana que realmente deu a Bíblia.

Opa! Você está enganado. O concílio de Roma foi em 382, então tempos antes que os dois que você cita. E mesmo que não tivesse sido isso provaria o que? Nada. De qualquer modo nesse primeiro concílio citado se consultou a “Igreja do outro lado do mar”,  e no outro pelas próprias palavras do documento se fez o Papa saber. Faria sentido Roma não confirmar se ela mesma já tinha proposto esses livros?
Quanto à observação: se tornariam, não eram já naqueles tempos. Você fala do século IV, enquanto a cisma herege dos ‘ortodoxos’ foi no século XI. Foi a “lógica” mais infantil que já li. É o mesmo que dizer que Santo Agostinho era ortodoxo. (rsrsrs)
E se é por isso, a Igreja Católica também está na Argélia. Há quatro dioceses na Argélia, três no norte (Oran, Argel e Constantina-Hipona) e uma para todo o sul.
Mais uma coisa, esses dois concílios estavam submetidos a Roma. Como vimos foi-se ter a confirmação do Papa nos dois casos.

5. Se a igreja Católica, deu a Bíblia ao mundo, por que ela não reclamou isto logo nos primeiros séculos? Por que teve de esperar até o século VXI no Concílio de Trento, para oficialmente juntar os livros apócrifos ao Cânon?

Ora, como não? E os concílios regionais?  Você deve estar se referindo aos concílios ecumênicos. Teve dois antes do de Trento que mostravam que a Igreja aceitava os deuterocanônicos, como acima passei: o de Concílio de Nicéia II (787), implicitamente, e Concílio de Florença(1442), explicitamente. O fato é muito simples do século V a XIV podemos dizer que havia unanimidade na aceitação desses livros. Só algumas vozes isoladas, exceções, se manifestavam, de vez ou outra. Só para te dar um exemplo no início do séc. XV um grupo conhecidos como "jacobitas" questionaram o cânon alexandrino. E o que fez a Igreja Católica? Foi novamente reafirmar no ano de 1441, com Concílio Ecumênico de Florença, o caráter canônico dos deuterocanônicos. De modo, parecido ocorreu no de Trento, devido às heresias protestantes, confirmou o que já tinha feito em concílios anteriores.

6. É interessante notar que ambos: Católicos Romanos e Ortodoxos reclamam ser os guardiões da Bíblia. Cada qual dizem que foi sua igreja quem deu a Bíblia ao mundo. Mas se ambos fazem a mesma reclamação por que então possuem livros diferentes em cada uma de suas Bíblias?

Logicamente, porque uma deve estar errada, enquanto outra certa, ou uma mais certa do que errada em relação à outra. Como sabemos os ortodoxos são hereges, desse modo, não têm Roma como guardiã da Fé, nem crêem na infabilidade Papal.

Se ambas reclamam para si esta autoridade, então a autoridade de qual igreja nós deveríamos aceitar?

Devemos aceitar a autoridade ininterrupta da Igreja Católica. A Igreja Católica Apostólica Romana segue uma linha sem desvio. É nela que Jesus Cristo é a cabeça da Igreja (Ef. 5,23), Fundador dela (Mt. 16,18) e guia (Mt 28, 20). Grupos que se afastaram dessa fé não têm em si nenhuma autoridade.

E se ainda isto for caso de tradição, qual tradição nós deveríamos seguir neste caso?

Como não há na Bíblia a listagem dos livros inspirados, e ao que parece Jesus não deixou para a Igreja quais se devia aceitar como sendo, devemos seguir os concílios da Igreja que tem por si as tradições. A existência da igreja ortodoxa se deu em 1054. Não se deve seguir tradições meramente humanas como de Martinho Lutero, Willian Booth, Charles T.Russel, John Greenwood e sim as da Igreja Católica que são infalíveis. Os ortodoxos não têm poder algum para dizer quais são ou não os livros inspirados.
‘Há um caminho real’, que  é a Igreja católica, e uma só senda da verdade. Toda heresia, pelo contrário, tendo deixado uma vez o caminho real, desviando-se para a direita ou para a esquerda, e abandonada a si mesma por algum tempo, cada vez mais se afunda em erros. Eia, pois, servos de Deus e filhos  da  Igreja  santa  de Deus, que conheceis  a regra segura da fé, não deixeis que vozes estranhas   vos  apartem  dela  nem  que  vos  confundam as  pretensões  das  erroneamente  chamadas  ciências”  (Haer.59,c. 12s). [Santo Epifânio]

7. Os católicos poderiam fornecer o exemplo de uma única doutrina que teve origem na tradição oral apostólica a qual a Bíblia se silencia?

Por exemplo: a mudança do sábado para o domingo como sagrado. Não há nada na bíblia explícito quanto a isso. Achamos referências de encontros dos cristãos, mas nunca que deixaram de guardar o sábado e passaram somente guardar o domingo, então só pela bíblia não há como saber se houve realmente a mudança.
É pela Bíblia que sabemos que nem tudo está nela: Jo 20,30-31 ; 21,25; At 1,3; 2Jo 1,12; 3Jo 1,13-14; 2Tm 2,2; 2Ts 2,15 e devemos seguir as tradições: 2Ts 2,15; 2Tm 2,2; 1Tm 6,20; At 2,42; At 16,4

Eu poderia falar de tantas outras, que caberiam em vários artigos, como: sucessão apostólica, duas naturezas de Cristo, Trindade, Imaculada Conceição, Assunção de Maria, Maternidade Divina de Maria, Batismo de crianças, etc. Exemplos não nos faltam.

8. Os católicos podem fornecer provas de que sua tradição doutrinaria é apostólica em sua origem?

Testemunhos de pessoas que viveram nos tempos dos apóstolos ou pouco depois é uma forma de prova. Peça-me a doutrina que lhe passo os ditos dos primeiros cristãos. No mais, provas de todas as tradições doutrinárias requereriam um longo estudo sobre o tema, o que não é possível desenvolver em um único artigo.

9. Os católicos poderiam fornecer um único exemplo de uma inspirada " revelação oral" apostólica (tradição inspirada) que difere da escrita (sagradas escrituras) ?

Não há nenhuma tradição oral que difere com o que está nas Escrituras. Elas andam juntas e não separadas. Elas não se contradizem.

10. Se [os católicos afirmam que] não é permitido fazer interpretações particular da Bíblia, como saberemos então quem está dizendo a verdade quando as duas igrejas afirmam ao mesmo tempo que a " tradição apostólica" apóia suas doutrinas, quando na verdade nós sabemos que elas são opostas entre si?

Ora, quem é que apresenta o que era crido nos testemunhos da Igreja dos primeiros séculos?  Não aceitar as tradições apostólicas é negar as Escrituras. Esta pergunta foi meio enrolada, por isso, não poderei me estender.

11. Se porventura o cânon hebraico foi definido somente no concílio de Jâmnia [como afirmam os católicos]. Então isto levanta a seguinte indagação: será que Deus deixaria de dar uma lista dos livros inspirados a Israel quando ainda estava em sua terra, para repentinamente fornecer esta lista em 70 d.C depois que Israel havia sido destruído?

A Antiga Aliança vai até João batista (Mateus 11,13). Nesses tempos poder-se-ia então haver inspiração para escrever. Deus não daria uma lista ao que estava num processo contínuo. Não foi Deus que forneceu uma lista em 70, nem 90 d.C. Engraçado! Decisões farisaicas para restringir a Septuaginta e por fim no NT vocês aceitam como decisão de Deus, mas o que diz a Igreja fundada pelo Senhor e guiada por Ele vocês ignoram. Mesmo depois de Jâmnia a aceitação entre os judeus a esse cânon demorou em ser feita:
“O grupo de judeus que estavam em Jâmnia tornou-se o grupo dominante no decorrer da história judaica, e hoje muitos judeus aceitam tal cânon. Entretanto, alguns judeus, como os da Etiópia, seguiam um cânon diferente, e idêntico ao cânon Católico do Antigo Testamento, pois incluíam os sete livros deuterocanônicos” (cf. Enciclopédia Judaica, vol 6, p. 1147). Obs: Continuou a ser circulado até o séc IV entre os judeus.

12. Se a Igreja Católica Romana e a Ortodoxa se consideram cada qual o "pilar e o fundamento da verdade" e por isso protegida de erros, então por que elas mesmas ensinam doutrinas tão diferentes umas das outras?

Quem está errada é a igreja Ortodoxa, pois, desviou-se. Foi dado a Pedro o poder de “ligar e desligar” quem não crê no mesmo poder dos seus sucessores já não pode ser contado entre os católicos.
E como explicar os muitos erros e heresias feitos durante todos estes tempos por tantos papas e a igreja católica em geral?

A Igreja Católica não erra, é infalível. Papas falam pela Igreja (e por isso não erram), somente quando se pronunciam em ex cathedra.
“É possível e até necessário criticar os ensinamentos do Papa, se não estiverem suficientemente baseados na Escritura e no Credo, ou seja, na fé da Igreja Universal” (O Novo Povo de Deus, S. Paulo, Paulinas, 1974, pg. 140).Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI.

13. Se as ambas as igrejas Católicas e Ortodoxas seguem exatamente a verdadeira tradição oral apostólica , como podem ensinar doutrinas tão diferentes aponto de uma não se comunicar com a outra se excomungando mutuamente?

A Igreja Ortodoxa não segue a verdadeira tradição oral apostólica.


14. Ambos Tertuliano e Jerônimo deu uma lista de tradições orais que não foram encontradas na Bíblia. (Tertuliano em De Corona, ch 3-4) e (Jerônimo, Diálogo Contra os Luciferianos, 8)
Tertuliano chegou a afirmar que muitas práticas ensinadas por ele não tinham base bíblica sendo sustentadas apenas pela tradição oral, por exemplo: batizar por imersão três vezes, dando ao batizando um pouco de "leite e mel" então proibindo a pessoa de tomar banho por uma semana; até mesmo o trabalho aos domingos foi proibido, e o sinal da cruz era para ser feito na testa. Jerônimo, seguindo Tertuliano, disse que essas "observâncias são derivadas da tradição, e tem adquirido até mesmo autoridade de lei escrita". Nossa pergunta é:

a) porque a igreja católica não segue estas tradições ?

Estas ‘tradições’ devem estar intimamente ligadas ao poder confiado a Igreja de Ligar e Desligar (Mt 16, 18) Se na Bíblia os batismos eram realizados por aspersão e não tinha tais costumes é porque eles podem ser realizado da forma que é hoje.

b) Por que a igreja Católica não pratica o batismo por imersão ?

A Igreja Católica também pratica o batismo por imersão, em número mínimo, mas o faz. É pela tradição que vemos que o batismo também era realizado também por aspersão ou infusão (e nenhum dos batismos  bíblicos do NT foram por imersão):
Escrito do séc l :”Quanto ao batismo, procedam assim: depois de ditas todas essas coisas [isto é, de instruídos os catecúmenos na doutrina cristã], batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se não se tem água Se não se tem água corrente, batize em qualquer outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente. Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça [do neófito], em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. (Didaqué, VII — Tradução, introdução e notas: Pe. Ivo Storniolo-Euclides Martins Balancin, Ed. Paulus, São Paulo, 1989, p. 19).
Hipólito em 215 escreve: "Onde não há escassez de água, a água corrente deve passar pela fonte batismal ou ser derramada por cima; mas se a água é escassa, seja em situação constante, seja em determinadas ocasiões, então se use qualquer água disponível." (Tradição Apostólica 21,16).

c) Por que ela não imerge três vezes seus membros durante o ato batismal?

A forma em que se é batizado pela água não altera a Graça.

d) Por que o católico Romano e as igrejas Ortodoxas não guardam quaisquer destas tradições, com a exceção de imersão três vezes feito pela igreja Ortodoxa?

Porque é indiferente.

e) Se a "tradição apostólica" ensina fazer o sinal da cruz na testa, por que ambas fazem-no no abdômen, tórax e cabeça, mudando assim esta prática?

A Igreja Católica continua a fazer o sinal na testa, ou cabeça. Tertuliano nem Jerônimo disseram que na testa é o único modo que pode ser feito ou único que vem da tradição. Por volta do século IV, começou a ser registradas variações nos locais e amplitude dos movimentos, até que o sinal se tornou largo como é hoje. Será que alargar os movimentos para se fazer o ato faz deixar de ser sinal da cruz? Será que o batismo seja por imersão, aspersão, infusão, faz deixar de ser remidor?

f) Se devemos seguir as tradições orais da igreja, então por que ambas as igrejas que defendem esta mesma tradição não mais praticam estas coisas?

Não são todas as tradições que têm tais práticas. Nem faz muito sentido crer que os apóstolos faziam de todos esses modos. Tudo isso que você passou eram algumas das formas de serem realizados os batismos, mas não eram feitos somente destes modos. É pela tradição mesmo que sabemos que o modo é indiferente, como na citação de Hipólito que acima passei.

15. Por que os católicos romanos sempre usam 2 Timóteo 2:2; 3:14 como prova bíblica de uma extra-bíblica tradição oral dada através de sucessão apostólica, quando esta mesma tradição diz que Timóteo foi bispo de Éfeso, que pela sucessão,  faz parte da igreja Ortodoxa Grega e não da romana?

Quando Timóteo foi bispo de Éfeso não existia separação de “romanos” e “orientais”.

16. Se 2 Timóteo 2:2 prova uma suposta linha de sucessão, [pelo argumento acima] isto então prova também que a igreja Católica Romana está separada daquela sucessão,  já que ambas não têm comunhão uma com a outra?

Os ortodoxos possuem sucessão apostólica, isto é, seus bispos e sacerdotes são legítimos. Não precisa estar em comunhão para estar em sucessão ininterrupta.  Eram reconhecidos como Patriarcas o Bispo de Alexandria , onde pregara o evangelista São Marcos. O Bispo de Jerusalém, onde fora Bispo o Apóstolo São Tiago. O bispo de Antioquia, cidade em que viveu e foi Bispo São Pedro. E, Roma, que teve o mesmo São Pedro como seu primeiro Bispo.

17. Por que quando o católico encontra a palavra tradição na Bíblia ele sempre interpreta como sendo a chamada "tradição oral" em vez de ser corretamente entendido como se referindo as palavras escritas dos apóstolos, sendo que a Bíblia chama as Escrituras de tradicao em 2 Tess. 2:15, e Atanasio chama de tradição as Escrituras?
Obs: Atanásio falava sobre "a tradição Apostólica ensinada nas abençoadas palavras de Pedro", que dizia "Assim como Cristo sofreu por nós na carne" então cita: 1 Pedro 4:1; Tito 2:13; Heb 2:1 (Atanásio, Aos Adelphius, 60, 6).

Vejamos cada uma das passagens que falam de “tradição”.

“E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.” (2 Tim 2,2) Como lemos aqui é “ouviste” e não “leste”. Nesta passagem fala-se inegavelmente da tradição oral.

“Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações.” (Atos 2,42)
Se fosse sobre as escrituras somente, seria muito estranho São Lucas generalizar desta forma.  Só cinco apóstolos dos doze deixaram escrituras inspiradas. Sendo que Atos foi escrito antes que o Evangelho de João,  Epístola de Judas, Epístolas de Pedro, deste modo, restaria apenas o apóstolo Thiago, Marcos e Matheus. Três dos doze.

“Nas cidades pelas quais passavam, ensinavam que observassem as decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém.” (Atos 16, 4) O que isso tem a ver com a Sola Scriptura?

Vejamos agora a passagem que você citou:

“Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa.” (2 Tess 2, 15) Esta põe fim a toda esta discussão. Tanto as tradições escritas quanto orais devem ser conservadas.

E veja o que o mesmo Atanásio diz:

"Mas nossa fé é correta, começando com o ensinamento dos Apóstolos e TRADIÇÃO DOS PADRES, sendo confirmada por ambos os Testamentos." (Epis 60).
"Mas depois do demônio, e com ele, vêm todos os que inventam heresias ilegais, que muito embora se refiram à Escritura, não mantém as mesmas opiniões que os Santos transmitiram, e, não as conhecendo nem ao seu poder, recebem tradiçoes de homens caindo em erro." (Festal Letter 2)
"... forçando, nos oráculos divinos, uma interpretação errada de acordo com o seus (dos hereges) SENTIR PESSOAL". ( Orat, 1,37)
"Reconheçamos, GUARDANDO O ESCOPO GERAL DA FÉ, que aquilo que eles interpretam erroneamente tem UMA CORRETA INTERPRETAÇÃO." (Orat 3, 35)

Santo Irineu explica bem a questão: "Suponhamos que se levante uma questão sobre algum importante ponto entre nós, e não possamos recorrer às mais primitivas comunidades com as quais os apóstolos mantiveram constante relacionamento, as quais aprenderam deles o que é certo e claro a respeito dessa questão. O que aconteceria se os próprios apóstolos não nos tivessem deixado escritos? Não seria necessário (nesse caso) seguir o curso da tradição que transmitiram àqueles aos quais entregaram às Igrejas?" (Santo Ireneu Bispo de Lião (180), Contra as Heresias III,4,1.).

18. Os Pais da Igreja acreditavam que Paulo havia dito em Ef. 3:3-5, que a Escritura podia ser compreendida através de uma mera leitura. Eles falavam que até mesmo os heréticos poderiam entender as Escrituras por apenas lê-la. Se até mesmo aqueles heréticos eram capazes de compreender a Bíblia, como então os católicos romanos ensinam que nós precisamos de um magistério eclesiástico para tal? (Tertullian, A Carne de Cristo, c. 20), (Atanásio, A Encarnação do Verbo, 56), (Hilario de Poitiers, A Trindade, Livro 1, 35 e 7,16)

-"A carne de Cristo" de Tertuliano cap 20, poderá ser lido no link abaixo:
http://www.intratext.com/IXT/FRA0537/_PK.HTM (Dica: vão ao tradutor google)
Não vi nada que faça pensar o estímulo do santo para a Sola Scriptura pela leitura.

Outros escritos de Tertuliano provam justamente o contrário da falsa interpretação do interrogador:

"Quem, pois, de mente sã pode crer que ignoraram alguma coisa aqueles que o Senhor entregou como mestres, mantendo-os inseparáveis em sua comitiva, em seu discipulado, em sua convivência, a quem expunha separadamente dos demais todas as coisas obscuras, dizendo-lhes que a eles era dado a conhecer aqueles mistérios que ao povo não era permitido entender? Foi ocultado algo a Pedro, que foi chamado pedra sobre a qual a Igreja seria edificada, que obteve as chaves do Reino dos Céus e o poder de desligar e ligar nos céus e na terra?" (Da Prescrição dos Hereges 22,2-4).

"Eles (os hereges) usam as Escrituras e, com semelhante audácia, imediatamente impressionam a alguns. Porém, durante o debate, fatigam certamente os fortes, captam os débeis, deixam cheios de escrúpulos os de condição intermédia. Por isso os amarramos, adotando esta posição, a melhor: não os admitidos em nenhuma discussão sobre as Escrituras. Se estas são as suas forças, para que possam usá-las primeiro deverá ser discernido a quem cabe a posse das Escrituras, a fim de que não seja admitido a elas aquele a quem de modo nenhum cabe. Poderia ter introduzido esta idéia por desconfiança ou por gostar de abordar de outro modo a questão, porém, existem razões. Em primeiro lugar, a de que nossa fé deve obediência ao Apóstolo, que proíbe empreender discussões, prestar ouvidos a palavras novas, visitar o herege após ter feito uma correção..."[4] (Da Prescrição dos Hereges 15 e seguintes).

"Esta heresia não admite certas Escrituras e se admite algumas, não as admite por inteiro, trocando-as, no entanto, para compor interpretações contrárias à fé cristã. Tanto se opõe à verdade uma inteligência falsificadora como uma pena corruptora. Suas vãs conjecturas necessariamente se negam a reconhecer aquelas passagens mediante as quais são refutados; se apóiam naquelas que retocaram fraudulentamente e nas que elegeram em razão de sua ambigüidade" (Da Prescrição dos Hereges 17).

"Se quisermos saber o conteúdo da pregação dos apóstolos e, portanto, Jesus Cristo lhes revelou, é preciso recorrer a estas mesmas Igrejas fundadas pelos próprios apóstolos e às quais pregaram de viva voz, quer por seus escritos" (Tratado sobre a prescrição dos hereges)

-"A Encarnação do Verbo" de Santo Atanásio, poderá ser lido pelo leitor aqui:
http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/s_atanasio_sobre_a_encarnacao_do_verbo.html
Qualquer leigo consegue entender que não se fala de Sola Scriptura, e sim do conhecimento de Deus. Do conhecimento do Verbo, por causa de suas obras (ao que parece aos que viram Jesus, pois assim, o Santo escreve: "Tinham sido seduzidos pelos demônios, eis que agora os viam expulsos pelo Senhor; e também por isto reconheciam-no como a única Palavra divina, confessando não serem deuses os demônios.")

Outros escritos do mesmo Santo:

"Mas nossa fé é correta, começando com o ensinamento do Apóstolos e TRADIÇÃO DOS PADRES, sendo confirmada por ambos os Testamentos." (Epis 60).

"Mas depois do demônio, e com ele, vêm todos os que inventam heresias ilegais, que muito embora se refiram à Escritura, não mantém as mesmas opiniões que os Santos transmitiram, e, não as conhecendo nem ao seu poder, recebem tradiçoes de homens caindo em erro." (Festal Letter 2)

"... forçando, nos oráculos divinos, uma interpretação errada de acordo com o seus (dos hereges) SENTIR PESSOAL". ( Orat, 1,37)


"Reconheçamos, GUARDANDO O ESCOPO GERAL DA FÉ, que aquilo que eles interpretam erroneamente tem UMA CORRETA INTERPRETAÇÃO." (Orat 3, 35)

"A confissão chegada a Niceia era, afirmamos, mais SUFICIENTE E BASTANTE A SI MESMA para a subversão de toda heresia contrária à religião, e para a segurança e desenvolvimento da doutrina de Cristo." (Ad Afros 1)

"Mas a PALAVRA DE DEUS QUE VEIO ATRAVÉS DO Sínodo Ecumênico de Nicéia, permanece para sempre". (Ad Afros 2)

"Eles não cometem um crime ao pensar que podem contradizer Concílio tão grande e universal?" (De decretis 4)

-"A Trindade" de São Hilário, poderá ser lido no link abaixo:
http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/s_hilario_de_poitiers_sobre_a_santissima_trindade.html
Neste escrito vemos que São Hilário refuta os hereges que não crêem na Trindade, e se fazem de desculpas para não crê-la. O que ele falou foi o seguinte, que os hereges não podem negar palavras ditas em absoluto (no caso: «Eu e o Pai somos um só»), que não tenha relatividade como as que estão entre parênteses. Deste modo, se obrigam a corrompê-la, dando-a uma interpretação nada convencional, adaptando-a com outra passagem.

Outro escrito do mesmo Santo:

“Ler a Escritura dentro ‘da Tradição viva da Igreja inteira’. (St Hilário de Poitier)

19. Os católicos alegam que para a doutrina da Sola Scriptura ser verdadeira seria necessário que todos os protestantes fossem alfabetizados. Se possuir uma cópia das Escrituras é uma pré condição essencial ao Sola Scriptura, então o que dizer dos católicos analfabetos? Como eles irão saber que os ensinamentos de seus catecismos é verdadeiro? Se os católicos [analfabetos] podem entender o Catecismo por ter alguém que leia para eles, então por que não pode acontecer o mesmo com a Bíblia?

Que católicos?  Qual é a fonte para a primeira afirmação? Tem dados de quantos católicos dizem isso? Uma afirmação se torna vazia quando não se dá as provas. Você ainda mostra que a Sola Scriptura é condicional. Sua existência só pode se dá então se pessoas são alfabetizadas para ler para as que não são. Isto quer dizer que sem a decifração das letras, ninguém poderia salvar-se, ou pelo menos dificultaria sua salvação. O catecismo é um dos métodos de ensino utilizado pela Igreja. Mas a Igreja não se limita no ensino pelo o que está escrito na Bíblia e no Catecismo. Temos a Tradição oral que fala da Bíblia e a complementa. Antes de ter estado nos escritos bíblicos e nos catecismos foi passado pela tradição oral. Os pronunciamentos do Papa podem requerer adesão, então não é só na leitura ou escuta do catecismo e Bíblia que aprendemos a verdade revelada. Cristo mesmo disse aos apóstolos que enviaria o Espírito da Verdade para sua palavra ser lembrada para o todo e sempre. (Jo 14, 16-17; Jo 14, 25-26) e também disse que suas PALAVRAS nunca passariam (Mat 24,35)

20. Os católicos alegam que para a doutrina da Sola Scriptura ser verdadeira seria necessário a distribuição universal da Bíblia em toda a terra. Ora, se isto é uma pré condição essencial de Sola Scriptura, então como os católicos sabiam que era verdade os ensinamentos do papa antes da época moderna da imprensa?

A leitura da Bíblia não é necessária para a salvação. Não só a Bíblia apresenta a verdade. A Igreja Católica criadora da Bíblia detém a si a verdade, pois é a ‘coluna da verdade’ (1 Tim 3,15) Então a mesma que criou a Bíblia com seu ensino pode levar a salvação.
É o que responde o Catecismo de São Pio X:
Questão 879) É necessária a todos os cristãos a leitura da Bíblia?
"A leitura da Bíblia não é necessária a todos os cristãos, sendo, como são instruídos pela Igreja; mas é contudo útil e recomendada a todos."
Os católicos na Idade Média, por exemplo, eram instruídos sobre a palavra pelos sacerdotes que recebiam de seus superiores. O que o Papa dizia fazia de conhecimento do povo. Como sabemos na Idade Média a Igreja criou escolas, universidades. Sabe-se que nas catedrais os padres ensinavam a ler pela própria Bíblia. Foi o que Cristo disse aos apóstolos: "Ide e ensinai", e não “Ide e distribuas Bíblias”.

21. Se a capacidade para ler é uma pré-condição essencial ao Sola Scriptura, então como fazem os católicos analfabetos para saber seu catecismo? A mesma lógica não poderia se aplicar äs analfabetos católicos de ambas as igrejas? Se o católico pode "saber a verdade católica" por escutar leitura do catecismo por terceiro, então por que não podemos aplicar a mesma lógica quanto aos evangélicos em relação à Bíblia?

Esta pergunta já foi respondida para a interrogação 19.

22. Se a capacidade para ler é uma pré-condição essencial ao Sola Scriptura, então como faz o católico analfabeto para saber o que o padre está ensinando é certo e está realmente de acordo com os dogmas católicos e decretos dos Concílios e dos papas se eles não podem ler os documentos?

A incapacidade de um indivíduo quanto à leitura da Bíblia não significa que este não possa aprender dela por leitura de terceiros. A incapacidade de leitura universal, sim, seria o fim da Sola Scriptura. Como a Igreja detém a verdade seus pronunciamentos valem tanto quanto o que está na Bíblia até porque é sobre ela e a tradição que se pronuncia. Hipoteticamente falando, se tem fim o alfabetismo, o Papa deveria se fazer saber através como tudo começou, Tradição Oral, somente. Passaria a bispos e este para padres e este último ao povo. Alguém que tivesse dúvidas quanto algum ensino do sacerdote consultaria seu superior.

23. Os católicos alegam que o método protestante de poder interpretar as Sagradas Escrituras pessoalmente com a ajuda do Espírito Santo não é um método válido de determinar a verdade por causa das inúmeras denominações que se dividiram usando este método. Mas se isto é verdade, então também é verdade que a sucessão apostólica e as tradições orais da igreja são igualmente inválidas como método correto de saber a verdade, porque a igreja Romana e a Ortodoxa são duas denominações que usam este método e ainda assim são divididas doutrinariamente. Ora, se a diversidade de doutrina e a diversidade de igrejas protestantes provam que a interpretação pessoal das Escrituras é um método falho não se dá o mesmo com os católicos e ortodoxos que usam o método baseado nas tradições da igreja, mas que mesmo assim permanecem divididos?

Deve-se antes reconhecer a linha reta do cristianismo. Assim, pode-se dizer que quem mudou não está mais na Doutrina correta professada desde os primeiros séculos. Deste modo, uma deve estar certa enquanto outra errada.
Ora, e o que é estar em comunhão com a Igreja de Cristo?
“Estar em comunhão com o Papa é estar em comunhão com a Igreja Católica.” (Cipriano, 249)
Assim, os que não se submetem ao ensino do Papa não estão na Verdade.
Diz o mesmo autor: “Atrevem-se estes a dirigir-se à Cátedra de Pedro (em Roma), a esta Igreja principal de onde se originam o sacerdócio… esquecidos de que os romanos não podem errar na fé” (Epist. 59,n.14, Hartel, 683)
Lemos mais: “Na cidade de Roma, quem por primeiro se sentou na cátedra episcopal foi o Apóstolo Pedro, ele que era a cabeça de toda a Igreja, (…) Os apóstolos nada decidiam sem estar em comunhão com esta única cátedra (…) Recorde a origem desta cátedra, todos que reinvidicam o nome da Santa Igreja Católica…” (O Cisma Donatista 2:2). [Historiador Optato de Milevi, ano 367]
Agora, uma coisa é falar de uma seita[cortada] a um católico que está fiel a Igreja dos primeiros séculos, outra é ser de alguma seita dentre as 33.800 que se contradizem e ainda dizer que obtém inspiração na leitura da Bíblia e que por isso não erra. É uma analogia bem desigual.

24. Os católicos podem provar que além das Escrituras outra fonte de autoridade doutrinária seja theopneustos (inspirada)?

Você se manifesta de modo parecido com os primeiros hereges:
"E quando, por nossa vez, os levamos [os hereges] à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõe à Tradição, dizendo que, sendo eles mais sábios do que os presbíteros, não somente, mas até dos apóstolos, foram os únicos capazes de encontrar a pura verdade." (Contra as Heresias, III,2,1, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C)
Um ateu perguntar-lhe-ia: “Vocês (evangélicos) podem provar que a Escritura é inspirada?”
Eu lhe pergunto: Vocês podem provar que só a Bíblia é inspirada?
Já que temos por igual à crença que a Bíblia é inspirada, pela própria Bíblia provar-lhe-ei que outras fontes também o são:
"A Letra Mata, mas o Espírito Vivifica" (2 Coríntios 3,6)
“Quem vos escuta, escuta-me a Mim, e quem vos rejeita, rejeita-Me a Mim” (Lc 10,16)
“Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.” (Jo 14,26)
"Permanecei, pois, constantes, irmãos, e conservai as tradições que aprendestes, ou por nossas palavras, ou por nossa carta" (2 Tess.2, 14). Será que a Escritura inspirada errou em dizer que se deve guardar também as tradições orais?
Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus; e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus" (Mt. XVI, 17-20). Como pode alguém que Jesus deu esse poder vir a falhar?
"Eis que estarei convosco, todos os dias, até o fim do mundo" (Mt. 28, 20)

25. Onde está escrito nas Escrituras que a tradição é igulamente theopneustos ?

Onde está escrito que não é? Em 2 Tess.2, 14 Paulo equipara as duas.

26. Porque nem Jesus e nenhum dos apóstolos nunca incentivaram ou usaram a tradição oral para definir doutrinas?

Jesus Cristo é o personagem principal do NT, Ele é o Deus que nem precisaria utilizar o AT para definir alguma doutrina, assim fez com a Eucaristia, batismo, etc. Jesus incentivou sim, a tradição oral quando disse “Ide e ensinai”. Os escritos bíblicos só poderiam ser feitos da tradição oral .   Assim foi feito. É o que escreve São Lucas: “Muitos empreenderam compor uma história dos acontecimentos que se realizaram entre nós,  como no-los transmitiram aqueles que foram desde o princípio testemunhas oculares e que se tornaram ministros da palavra. Também a mim me pareceu bem, depois de haver diligentemente investigado tudo desde o princípio, escrevê-los para ti segundo a ordem, excelentíssimo Teófilo” (Lucas 1,1-3)
“Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.” (Apo  3,3)
Deste modo, se negar a tradição negaremos a autenticidade da própria Bíblia.

27. Pode algum católico provar que as doutrinas do papado, indulgência, imaculada conceição, assunção do corpo e alma de Maria ao céu, virgindade perpétua, batismo infantil, os sete sacramentos, purgatório, e as demais doutrinas extra-bíblicas catóicas foram ensinadas pelos apóstolos?

-O Papado é visto em Mt 16,18, sua sucessão entendida em Atos 1, 25-26. Testemunhos dos primeiros cristãos sobre o Papado:
“os apóstolos provaram no espírito as suas primícias (…) Estabeleceram esta regra: que após a morte deles homens provados haveriam de suceder-lhe no ministério.” (São Clemente, +102)
“Depois de terem fundado e estabelecido a Igreja de Roma, os bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo confiaram-na à administração de Lino, de quem fala S. Paulo na Carta a Timóteo. Sucedeu-lhe Anacleto …” (Santo Irineu, +202)
“Observe a grande fundação da Igreja. A mais sólida das rochas, sob o qual Cristo a edificou. E o que o Senhor disse a ele? ‘homem de pouca fé,’ disse, ‘porque duvidas?’” (Orígenes, ano 244)

-Indulgência pode ser visto com muitas referências, mesmas que provam o purgatório:

"Também o Senhor transferiu o teu pecado: não morrerás. Todavia, como tu pelo que fizeste deste lugar a que os inimigos do Senhor blasfemem, morrerá certamenteo filho que te nasceu" (2 Samuel, 12, 13-14).

“O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, mais se há de exigir." (Lc 12,45-48).

"Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele não te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão. Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo." (Lc 12,58-59).

“Assume logo uma atitude reconciliadora com o teu adversário, enquanto estás a caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e, assim, sejas lançado na prisão. Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo" (Mt 5,22.25-26).

"Quanto ao fundamento, ninguém, pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo. Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá. O dia (do julgamento) demonstra-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo" (1Cor 3,10-15).

"Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados [dos soldados mortos em batalha]: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente, era esse um bom e religioso pensamento; eis porque ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas" (2Mac 12,43-46).

“... é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados” (2 Mac 12,46).

Tradição:

“Ao fazerdes as vossas comemorações, reuni-vos, lede as Sagradas Escrituras... tanto em vossas assembléias quanto nos cemitérios. O pão que tiver purificado e que a invocação tiver santificado, oferecei-o orando pelos mortos”. [Didaquè (ou Doutrina dos 12 Apóstolos) (ano 100)]

“A esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágio todos os dias aniversários de sua morte” (De monogamia, 10). “Durante a morte e o sepultamento de um fiel, este fora beneficiado com a oração do sacerdote da Igreja”. ( De anima 51; PR, ibidem) [ Tertuliano (†220) – Bispo de Cartago]

“oferecer o sacrifício por alguém ou por ocasião dos funerais de alguém”. [São Cipriano (†258)]

“Levemos-lhe socorro e celebremos a sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelos sacrifícios de seu pai (Jó 1,5), porque duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortos lhes leva alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer as nossas orações por eles” (Hom. 1Cor 41,15).

“Os Apóstolos instituíram a oração pelos mortos e esta lhes presta grande auxílio e real utilidade” (In Philipp. III 4, PG 62, 204). [S. João Crisóstomo (349-407)]

-Imaculada Conceição:

“ Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.” (Lucas  1, 28) "Cheia de graça", tradução de um termo grego que significa estar em plena graça, sem pecado original, isto é imaculada.

Tradição direta:

S. Tiago Menor  o qual realizou o esquema da liturgia da Santa Missa, prescreve a seguinte leitura, após ler uns passos do antigo e do novo testamento, e de umas orações "Fazemos memória de nossa Santíssima, Imaculada, e gloriosíssima Senhora Maria, Mãe de Deus e sempre Virgem".

Evangelista  S. Marcos, na Liturgia que deixou às igrejas do Egito, serve-se de expressões semelhantes:  "Lembremo-nos, sobretudo, da Santíssima, intemerata e bendita Senhora Nossa, a Mãe de Deus e sempre Virgem Maria".

Na Liturgia dos etíopes, de autor desconhecido, mas cuja composição data do primeiro século:  Alegrai-vos, Rainha, verdadeiramente Imaculada, alegrai-vos, glória de nossos pais. Mais adiante, é pela intercessão da Imaculada Virgem Maria que o Sacerdote invoca a Deus em favor dos fiéis: "Pelas preces e a intercessão que faz em nosso favor Nossa Senhora, a Santa e Imaculada Virgem Maria.".

Santo André, apóstolo, expondo a doutrina cristã ao procônsul Egeu, passagem que figura nas atas do martírio do mesmo santo, e data do primeiro século: "Tendo sido o primeiro homem formado de uma terra imaculada, era necessário que o homem perfeito nascesse de uma Virgem igualmente imaculada, para que o Filho de Deus, que antes formara o homem, reparasse a vida eterna que os homens tinham perdido" (Cartas dos Padres de Acaia).

-Mostrando os escritos de Maria como Imaculada se prova que ela teve assunção pela lógica. Apocalipse 12 fazendo alusão à Maria mostra sua assunção.

Segundo Santo Efrém, o Sírio (+ 373 d.C.), o "corpo virginal de Maria não sofreu corrupção".

Timóteo de Jerusalém afirma que a Virgem tornou-se imortal, e que Cristo a levou para "os lugares de sua Ascensão"
No século VI d.C., nasce no Oriente a celebração litúrgica do Trânsito ou Dormição de Maria, que tem a data fixada no dia 15 de agosto pelo imperador Maurício.

Sabemos que a morte do corpo é conseqüência do pecado (cfr. Gn 3,19; Sl 16(15),10) Já que Maria não tinha pecado original como disse o anjo a ela, não merecia morte.
É bom lembrar que muitos não conheceram a morte como escrito: Henoc, Elias são bem conhecidos (cfr. Gn 5,24; Hb 11,5; 2Rs 2,1.11; 2Cor 12,2-4).

- Virgindade perpétua foi provada com testemunhos diretos dos apóstolos

-Sobre o batismo infantil temos a confirmação:
“A igreja recebeu dos apóstolos a tradição de um batismo também aos recém-nascidos. Os apóstolos, aos quais foi dado o segredo dos divinos sacramentos sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito” (Epist. Ad. Rom. Livro 5,9, Orígenes (185-255)
Quanto aos fundamentos bíblicos acesse: http://www.altarcristao.com/2010/05/batismo-infantil-e-ilicito.html

- Sete Sacramentos:
1. Batismo - Mateus 28:19; Marcos 16,15-16; Atos 22,16; Efésios 4,5; Romanos 6,2-7
2. Crisma - At 8,16-17
3.  Eucaristia - Mt 26,26-29.
4. Confissão - Jo 20,21-23
5. Unção dos Enfermos - Tiago 5, 14-15
6. Ordem - Jo 20, 19-23; Jo 15, 16; Lc 22, 19; Jo 20, 23; At 20, 28
7. Matrimonio – Mat 19,5-6

-  Purgatório é fundamentado no que passei mais acima sobre indulgências.

28. Pode algum católico provar que em todas as tradições alegadas acima os pais da igreja [todos eles] estavam de pleno acordo?

Pelo conhecimento histórico chegamos a esta conclusão. Qualquer indivíduo que se propor a ler os escritos dos primeiros séculos terá a certeza disso.
Pelos documentos sabemos que havia unanimidade. Agora se tu achas que não é tu que tens que provar do contrário.

29. Porque havia divergências sérias entre os pais da Igreja em torno de pontos doutrinários católicos que hoje se tornaram dogmas?


Quais?  "Quando os pais da igreja forem moralmente unânimes em seu ensino de que uma determinada doutrina é uma parte da revelação, ou é aceita pela igreja universal, ou que o seu oposto é uma heresia, então seu testemunho conjunto é um determinado critério de revelação divina. Não sendo os pais pessoalmente infalíveis, o testemunho contrário de um ou de dois não seria destrutivo ao valor do testemunho coletivo; basta uma simples unanimidade moral". (Maryknoll Catholic Dictionary, pg. 154).

30. Porque a tradição oral católica precisou ser posta em forma escrita? Porque ela não permaneceu na forma oral? Isso não é prova de que a forma escrita é mais confiável que a oral?

Geralmente seria, mas não quando se fala da Igreja fundada por Cristo e guiada por Ele, que tem o ES para não deixar esquecer-se das palavras de Cristo.

REFERÊNCIAS:

http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20040729170555&lang=bra

http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20040730130717&lang=bra

http://www.veritatis.com.br/article/3946

http://www.veritatis.com.br/patristica/patrologia/436-o-qconsenso-unanimeq-dos-padres-da-igreja

http://www.veritatis.com.br/apologetica/protestantismo/550-sagrada-tradicao-protestantes

http://www.paroquiassuncaodemaria.com/maria_assuncao.htm

http://caiafarsa.wordpress.com/papado-ajudado-por-falsos-documentos/

http://caiafarsa.wordpress.com/batismo-de-criancas-inventado-em-416/

http://www.cnd.org.br/art/schuster/papainfalivel.asp

Nelson Monteiro

4 comentários:

Unknown disse...

sua inteligencia me espanta!!! :o

erika ruthy disse...

perfeito, excelente!

Paulino Filho disse...

Nelson gostei da resposta n: 7.
Os evangélicos dizem que So deve seguir as escrituras,mas me parece que segue mandamento católico.(guardar domingos e festa).
Portanto os únicos protestantes coerente Sao os adventistas do sétimo dia.(apocalipse 12. Os descendentes da mulher pura, que guardados mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus).
So Nao gostei de uma coisa:
Vc Nao deixou isso explicito quando respondeu a pergunta da Natália)
.

Nelson Monteiro disse...

Os únicos protestantes coerentes quanto Sola Scriptura NESTE caso são os adventistas, ou seja, não guardarem o domingo por não estar explícito na Bíblia. Erram, porém, quando anunciam que na Nova Aliança também deve-se guardar o nosso sábado, já que, também isso, não está explícito na Bíblia. Que a guarda nesse dia continuou é um ver de vocês, mas não poderão provar pela Bíblia que não houve mudança, até porque várias situações na Bíblia nos levam pensar que, realmente, aconteceu a transferência para o domingo.
Não toquei nisso na resposta porque não foi necessário. Falei em pontos bíblicos e históricos para que ela aceitasse ou não minha conclusão. Para ela ter se convertido ao catolicismo, ela deixou de lado o papo delirante da Sola Scriptura, que por sinal nem está na Bíblia. Largou aquele papinho louco de que foi Constantino que ordenou a guarda no domingo.
Não sei se você notou, ela comenteu esse mesmo post que tu comentas agora com a seguinte frase: "sua inteligencia me espanta!" sinal de que entendeu.

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