Quae est ista quae ascendit de deserto, deliciis affluens, innixa super Dilectum suum? Quem é esta que sobe do deserto cheia de delícias e apoiada em seu Amado?

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Salvação 'fora' da Igreja e jogos

                                 


PERGUNTA

 
Nome*:Fernada
E-mail*:xxxxxxxx@hotmail.com
Assunto*:Dúvidas
Mensagem*:Bom dia.
Primeiramente , queria pedir desculpa pelo número de dúvidas que eu tenho e se elas parecem infantis, contudo são coisas das quais eu preciso saber uma resposta porque elas estão martelando na minha cabeça já há algum tempo. Agradeço desde já se puderem me enviar alguma resposta e não precisa ser de todas as perguntas.
Gostaria de saber se jogos de vídeo games, RPG's, desenhos animados ou qualquer outro de tipo de entretenimento que envolve mundo de fantasia que contém magia e criaturas como monstros, fadas, vampiros , bruxas, magos, zumbis etc, são considerados pecados mortais? Quem os joga ou assiste está condenado pela Igreja?
Há um limite para o que o cristão imaginar, quero dizer, criar estes mundos e entidades imaginários também consiste numa conduta herética e só podemos usar a nossa mente para imaginar determinadas coisas? Pessoas de religiões pagãs , mesmo praticando boas ações estão condenadas ao inferno por causa que suas crenças ou práticas que são contrárias a doutrina cristã?


 
RESPOSTA
 
Cara Fernanda, muito lhe agradeço pela confiança. Achei muito interessantes suas questões, a primeira é bem nova, eu mesmo nunca tinha meditado muito sobre ela, a segunda já é de bem mais fácil resposta. Sobre a primeira mesmo eu não lhe negando resposta seria preferível tu procurares um padre ou bispo para melhor atendê-la, não acho que minha opinião leiga de um tema tão pouco falado valerá tanto ao ponto de cessar as batidas do martelo em sua cabeça. :) De qualquer modo é óbvio que isso nunca foi condenado pela Igreja, e, portanto, não poderia ser uma conduta herética como você cogitou em hipótese. Agora, se é pecado é outra coisa, pois não precisaria duma condenação Dela (da Igreja) para sê-lo, basta ser contra o amor de Deus ou do próximo. Em suma o que eu penso: Não acho que seja pecado em todo caso: A imaginação e o entretenimento são próprios e naturais no homem. Veja que O Senhor dos Anéis, por exemplo, é recomendado por muitos bispos e padres e do Vaticano só vieram elogios. Aliás, o Padre Paulo Ricardo tem até um vídeo em que explica muita da simbologia do romance. Quanto ao jogo como qualquer jogo tem uma finalidade, fases a passar, dificuldade, etc. seria de bom-senso ver se esse fim não é perverso, contrário à fé, moral, costumes, etc. Por exemplo, jogar GTA, fazendo papel de um gangster que sai matando pessoas do nada, tendo relações com prostitutas, correndo de policiais, obviamente, não é indicado. Essas simulações de tantos pecados vão contra a caridade. Agora, jogar um jogo que tenha simplesmente um mundo mágico de monstros não tem mal em si. Mais um exemplo, jogo de guerra defendendo à Santa Igreja parece até salutar. Hehe... Enfim, há jogos e jogos, basta discernir.

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Sua outra questão é a que segue: “Pessoas de religiões pagãs , mesmo praticando boas ações estão condenadas ao inferno por causa que suas crenças ou práticas que são contrárias a doutrina cristã?”

A resposta é que não necessariamente. Se esses pagãos estão sem má fé, ou seja, por ignorância, fora da estrutura visível da Igreja não há culpa em relação a isso, mas note esta ignorância tem que ser invencível. O Catecismo de São Pio X responde claramente essa indagação, vejamos:

“170) Mas quem se encontrasse, sem culpa sua, fora da Igreja, poderia salvar-se?

Quem, encontrando-se sem culpa sua - quer dizer, em boa fé - fora da Igreja, tivesse recebido o batismo, ou tivesse desejo, ao menos implícito, de o receber e além disso procurasse sinceramente a verdade, e cumprisse a vontade de Deus o melhor que pudesse, ainda que separado do corpo da Igreja, estaria unido à alma dEla, e portanto no caminho da salvação.”

 
Eis o mínimo necessário para “agradar a Deus”, logo para se salvar, como nos explica o Pe. Penido:

“1º Crer na existência de Deus uno: S. Paulo condena inexoravelmente a idolatria, pois a simples reflexão sobre o mundo criado leva ao conhecimento do Criador (Rom 1,20; At 14, 16).

2º. Crer no Deus remunerador: é a garantia da vida moral e religiosa. Querer “agradar” ou “buscar” a esse Deus – como diz o texto sagrado – é procurar servi-lo, orientando a própria vida em função de Deus.

Apliquemos agora esta doutrina revelada ao caso do pagão que, sem culpa sua, escapa à pregação evangélica. Como há de a graça divina alçá-lo à fé sobrenatural no Deus uno e galardoador?

Dependerá, é certo, das almas individuais, das circunstâncias de meio e tempo. Por vezes, a graça há de servir-se de restos da revelação, mais ou menos deformados, no seio dos cultos pagãos. Já no século III, Minúcio Félix explicava que o Deus verdadeiro pode ser honrado ainda que sob um falso nome: “os que fazem de Júpiter o Senhor enganam-se de nome, porém reconhecem conosco um único Poder supremo” (Octavius, c. 18)

De fato, os estudos contemporâneos de etnologia mostram a persistência, no seio das civilizações as mais diversas, as mais primitivas, da crença num Deus supremo. Os vários deuses são amiúde considerados como atributos da divindade, ou ministros dela, e os ídolos como puros símbolos ou imagens. ...

Poderá também se evidenciar o “testemunho da consciência natural cristã” ao qual já apelava Tertuliano. A experiência da vida moral, por exemplo, levará o homem – sob a orientação da graça – a conhecer Deus como legislador. O remorso por suas fraquezas despertará sentimentos de contrição, um apelo ao Deus libertador.

Outras vezes ainda será inspiração secreta da graça, iluminação reveladora. De qualquer forma o pagão de espírito reto, que acredita em Deus e procura servi-lo o melhor possível, segundos as luzes recebidas do Verbo que “ilumina a todo homem que vem ao mundo” (Jo 1, 9), esta não será condenado.” (Iniciação Teológica, Vol I, O Mistério da Igreja, pág. 173-174)

É importante trazer presente a verdade da necessidade da crença em um único Deus,  ao contrário do que diz a cultura pós-moderna. Este mesmo Deus é um Justo retribuidor, que não permitiria alguém ficar privado do conhecimento necessário à salvação. Enviaria até um anjo para ensinar se necessário.

Finalizemos com São Justino

“os que viveram segundo o Verbo, são cristãos, ainda que tenham passado por ateus, como Sócrates, Heráclito e seus semelhantes.” (Apol.,  46.)

 
Espero ter sido claro.

 
Em Cristo,

Nelson Monteiro.

 

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