Nome*: | Fernada |
E-mail*: | xxxxxxxx@hotmail.com |
Assunto*: | Dúvidas |
Mensagem*: | Bom dia. Primeiramente , queria pedir desculpa pelo número de dúvidas que eu tenho e se elas parecem infantis, contudo são coisas das quais eu preciso saber uma resposta porque elas estão martelando na minha cabeça já há algum tempo. Agradeço desde já se puderem me enviar alguma resposta e não precisa ser de todas as perguntas. Gostaria de saber se jogos de vídeo games, RPG's, desenhos animados ou qualquer outro de tipo de entretenimento que envolve mundo de fantasia que contém magia e criaturas como monstros, fadas, vampiros , bruxas, magos, zumbis etc, são considerados pecados mortais? Quem os joga ou assiste está condenado pela Igreja? Há um limite para o que o cristão imaginar, quero dizer, criar estes mundos e entidades imaginários também consiste numa conduta herética e só podemos usar a nossa mente para imaginar determinadas coisas? Pessoas de religiões pagãs , mesmo praticando boas ações estão condenadas ao inferno por causa que suas crenças ou práticas que são contrárias a doutrina cristã? |
RESPOSTA
Cara
Fernanda, muito lhe agradeço pela confiança. Achei muito interessantes suas
questões, a primeira é bem nova, eu mesmo nunca tinha meditado muito sobre ela,
a segunda já é de bem mais fácil resposta. Sobre a primeira mesmo eu não lhe
negando resposta seria preferível tu procurares um padre ou bispo para melhor
atendê-la, não acho que minha opinião leiga de um tema tão pouco falado valerá
tanto ao ponto de cessar as batidas do martelo em sua cabeça. :) De qualquer
modo é óbvio que isso nunca foi condenado pela Igreja, e, portanto, não poderia
ser uma conduta herética como você cogitou em hipótese. Agora, se é pecado é
outra coisa, pois não precisaria duma condenação Dela (da Igreja) para sê-lo,
basta ser contra o amor de Deus ou do próximo. Em suma o que eu penso: Não acho
que seja pecado em todo caso: A imaginação e o entretenimento são próprios e
naturais no homem. Veja que O Senhor dos Anéis, por exemplo, é recomendado por
muitos bispos e padres e do Vaticano só vieram elogios. Aliás, o Padre Paulo Ricardo
tem até um vídeo em que explica muita da simbologia do romance. Quanto ao jogo
como qualquer jogo tem uma finalidade, fases a passar, dificuldade, etc. seria
de bom-senso ver se esse fim não é perverso, contrário à fé, moral, costumes,
etc. Por exemplo, jogar GTA, fazendo papel de um gangster que sai matando
pessoas do nada, tendo relações com prostitutas, correndo de policiais,
obviamente, não é indicado. Essas simulações de tantos pecados vão contra a
caridade. Agora, jogar um jogo que tenha simplesmente um mundo mágico de
monstros não tem mal em si. Mais um exemplo, jogo de guerra defendendo à Santa
Igreja parece até salutar. Hehe... Enfim, há jogos e jogos, basta discernir.

A
resposta é que não necessariamente. Se esses pagãos estão sem má fé, ou seja,
por ignorância, fora da estrutura visível da Igreja não há culpa em relação a
isso, mas note esta ignorância tem que ser invencível. O Catecismo de São Pio X
responde claramente essa indagação, vejamos:
“170) Mas
quem se encontrasse, sem culpa sua, fora da Igreja, poderia salvar-se?
Quem,
encontrando-se sem culpa sua - quer dizer, em boa fé - fora da Igreja, tivesse
recebido o batismo, ou tivesse desejo, ao menos implícito, de o receber e além
disso procurasse sinceramente a verdade, e cumprisse a vontade de Deus o melhor
que pudesse, ainda que separado do corpo da Igreja, estaria unido à alma dEla,
e portanto no caminho da salvação.”
“1º Crer
na existência de Deus uno: S. Paulo condena inexoravelmente a idolatria, pois a
simples reflexão sobre o mundo criado leva ao conhecimento do Criador (Rom
1,20; At 14, 16).
2º. Crer
no Deus remunerador: é a garantia da vida moral e religiosa. Querer “agradar”
ou “buscar” a esse Deus – como diz o texto sagrado – é procurar servi-lo,
orientando a própria vida em função de Deus.
Apliquemos
agora esta doutrina revelada ao caso do pagão que, sem culpa sua, escapa à
pregação evangélica. Como há de a graça divina alçá-lo à fé sobrenatural no
Deus uno e galardoador?
Dependerá,
é certo, das almas individuais, das circunstâncias de meio e tempo. Por vezes,
a graça há de servir-se de restos da revelação, mais ou menos deformados, no
seio dos cultos pagãos. Já no século III, Minúcio Félix explicava que o Deus
verdadeiro pode ser honrado ainda que sob um falso nome: “os que fazem de
Júpiter o Senhor enganam-se de nome, porém reconhecem conosco um único Poder
supremo” (Octavius, c. 18)
De fato,
os estudos contemporâneos de etnologia mostram a persistência, no seio das
civilizações as mais diversas, as mais primitivas, da crença num Deus supremo.
Os vários deuses são amiúde considerados como atributos da divindade, ou
ministros dela, e os ídolos como puros símbolos ou imagens. ...
Poderá
também se evidenciar o “testemunho da consciência natural cristã” ao qual já
apelava Tertuliano. A experiência da vida moral, por exemplo, levará o homem –
sob a orientação da graça – a conhecer Deus como legislador. O remorso por suas
fraquezas despertará sentimentos de contrição, um apelo ao Deus libertador.
Outras
vezes ainda será inspiração secreta da graça, iluminação reveladora. De
qualquer forma o pagão de espírito reto, que acredita em Deus e procura
servi-lo o melhor possível, segundos as luzes recebidas do Verbo que “ilumina a
todo homem que vem ao mundo” (Jo 1, 9), esta não será condenado.” (Iniciação
Teológica, Vol I, O Mistério da Igreja, pág. 173-174)
É importante
trazer presente a verdade da necessidade da crença em um único Deus, ao contrário do que diz a cultura pós-moderna. Este mesmo Deus é um Justo retribuidor,
que não permitiria alguém ficar privado do conhecimento necessário à salvação.
Enviaria até um anjo para ensinar se necessário.
Finalizemos com São Justino
“os que
viveram segundo o Verbo, são cristãos, ainda que tenham passado por ateus, como
Sócrates, Heráclito e seus semelhantes.” (Apol., 46.)
Nelson
Monteiro.
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