Quae est ista quae ascendit de deserto, deliciis affluens, innixa super Dilectum suum? Quem é esta que sobe do deserto cheia de delícias e apoiada em seu Amado?

terça-feira, 3 de maio de 2011

Perante a situação do mundo árabe: a cruzada pendente

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Papa Urbano II

Perante a convulsão no mundo árabe, derivada de uma feroz perseguição religiosa aos cristãos, escutamos o Pontífice Romano pregando para o mundo católico: 

Escutamos a mensagem dos cristãos do Oriente. Ela nos descreve a lamentável situação de Jerusalém e do povo de Deus. Relata-nos como a cidade do Rei dos Reis, que transmitiu a fé pura a todas as outras cidades, viu-se obrigada a pagar tributo às superstições pagãs. E como o milagroso Sepulcro, onde a morte não poderia manter seu Prisioneiro, o Sepulcro que é a fonte da vida futura e, sobretudo, onde o Sol da Ressurreição levantou-se, foi profanado por aqueles que não se levantarão de novo, exceto para servir como palha para o fogo do inferno.

Uma impiedade vitoriosa cobriu as terras mais férteis da Ásia de trevas. As cidades de Antioquia, Éfeso e Nicéia foram tomadas pelos muçulmanos. As hordas bárbaras dos turcos colocaram seus estandartes nas mesmas fronteiras de Hellespoint [onde o Mar Egeu se une com o Mar de Mármara], onde ameaçam a todas as nações cristãs. Se o único Deus verdadeiro não contiver sua marcha triunfante, armando a seus filhos, que reino poderá fechar-lhes as portas do Oriente?

O povo digno de gloria, o povo bendito por Deus Nosso Senhor, geme e padece com o peso dessas violações e das mais vergonhosas humilhações. A estirpe dos eleitos sofre atrozes perseguições, e a estirpe ímpia dos sarracenos não respeita nem mesmo as virgens do Senhor, tampouco os colégios de sacerdotes. Violentam os débeis e os anciões, às mães privam de seus filhos para que eles possam esquecer, entre os bárbaros, o nome de Deus. Essa nação perversa profana os hospícios… O templo do Senhor é tratado como um criminoso e os ornamentos sagrados são roubados.

Que mais posso dizer?

Estamos desonrados, irmãos e irmãs, que vivem nestes dias de calamidades! Podemos ver o mundo deste século reprovado pelo céu, presenciando a desolação da Cidade Santa, e permanecer em paz, enquanto ela se vê tão oprimida? Não é preferível morrer na guerra em vez de sofrer por mais tempo por um espetáculo tão horrível? Choremos por nossas dívidas que aumentam a ira divina, sim, choremos… Mas que nossas lágrimas não sejam como sementes jogadas na areia. Deixemos que o fogo de nosso arrependimento levante a Guerra Santa e que o amor de nossos irmãos nos leve ao combate. Deixemos que nossas vidas sejam mais fortes que a morte, para lutar contra os inimigos do povo cristão.

Guerreiros que escutam a minha voz! Vós que ireis para a guerra, regojizai-vos, porque estais seguindo uma guerra justa… Armados com a espada dos Macabeus para defender a casa de Israel, que é filha do Senhor dos Exércitos.

Já não é mais questão de vingar as injúrias feitas aos homens, mas sim aquelas que foram feitas contra Deus. E não é uma questão de atacar uma cidade ou um castelo, mas conquistar os sítios santos. Se triunfardes, as graças do céu e os reinos da Ásia serão vossa recompensa. Se sucumbirdes, alcançareis a gloria na mesma terra onde morreu Jesus Cristo, e Deus não se esquecerá do que viu na Santa Milícia.

Não vos deixeis covardemente em vossos lugares, com os afetos e sentimentos profanos. Soldados de Deus, não escuteis nada, senão os lamentos de Deus. Rompei todos os vossos laços terrenos e recordai o que o Senhor disse: ‘’Aquele que ama a seu pai e a sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim… E todo aquele que abandona sua casa, os irmãos, as irmãs, o pai, a mãe, ou esposa, ou filhos, ou terras, pelo meu nome, receberá o cem por um e herderá a vida eterna.

Eis que aqui se cumpre hoje em vós a promessa do Senhor, que disse que onde seus discípulos se reunirem em seu nome, Ele estará no meios deles. Se o Salvador do mundo está agora entre vós, se foi Ele quem inspirou o que acabo de escutar, foi Ele quem tirou de vós este grito de guerra, ‘’Deus o quer!’’, e deixou que ele fosse proclamado em todas as partes como testemunha da presença do Senhor Deus dos Exércitos!

É o mesmo Jesus Cristo que deixa seu Sepulcro e vos apresenta sua Cruz. Será o símbolo que unirá os filhos dispersos de Israel. Erguei-a sobre vossos ombros e colocai-a em vossos peitos. Que brilhe em vossas armas e bandeiras. Que seja para vós a recompensa da vitoria ou a palma do martirio. Será uma incessante recordação de que Nosso Senhor morreu por nós e que devemos morrer por Ele.

S.S. Urbano II
 Discurso do Pontífice Romano ao Concilio de Clermont, em novembro de 1095, convocando a Primeira Cruzada, perante mais de 200 Arcebispos e bispos, 4.000 eclesiásticos e 30.000 leigos.

Fonte: FSSPX 

Reproduzo abaixo, o poema Miles Christi que escrevi já há algum tempo:


Miles Christi

"E que para sempre maldito seja, peito em que coração covarde lateja".[1]
  
Por Jefferson Nóbrega

Que marchem os inimigos com sua infidelidade
Que suas espadas sejam as vozes de sua maldade!


Não recuaremos, não capitularemos, jamais nos entregaremos!
 
Ó valente cruzado de espada cingida!
Cavalgas com glória, mansidão e justiça!

A cruz que vai a frente será seu guia;

Tu serás vencedor enquanto a manter erguida!


Ó valoroso guerreiro chame pelo grande São Miguel;
Para que teu gládio não seja instrumento injusto;

Que o príncipe das milícias do Céu;

O faça um justo cavaleiro nesse mundo!

“Oh Deus, Vós só permitistes aqui na terra o uso da espada para combater a malícia dos maus, e para defender a justiça. Fazei, pois, que vosso cavaleiro jamais utilize do gládio para lesar injustamente quem quer que seja; mas que se sirva dele, para defender, aqui na terra, o que é justo e reto” .[2]

Bendita seja o Senhor que forjou vossas mãos para o combate,
Que entregou ao vosso coração essa grandiosa coragem!

Deus agora vos faz a muralha de sua Igreja,

Vossa vida é a arma dada para que tu a protejas!


Ó intrépido guerreiro é pelos pequenos que tu lutas;

Seja sempre o guardião dos fracos, órfãos e viúvas;


"Diante dos pobres é preciso que te humilhes, é preciso que te faças pequeno. Tu lhes deve ajuda e conselho".
[3]

Ó Vassalo de Deus que deixaria escapar uma lágrima;
Ao ver o mundo moderno, a batalha abandonada,
Triste seria para um guerreiro com essa época deparar;
E ver a coragem Católica ante o mundo bruxulear!


" Por que os inimigos de Deus não são mais os inimigos dos cristãos?" [4]

Ó triste "cavaleiro" pacifista!
Para quem a guerra justa tornou-se ilícita!
Triste exército derrotado por dentro
Tiraram-lhe a fé e venceram-no em pouco tempo!

Que fareis, bravos cavaleiros? Que fareis, soldados cristãos? Deverei crer que lançareis aos cães o que é sagrado, e as pérolas aos porcos? (Mat. 7,6) - [5]

Ó triste "Paladino" que já não enxerga mais os inimigos
Que foi derrotado pelo maior dos infiéis: O Relativismo!

Filhos da grandiosa Cavalaria;
Despertem em vossos corações a coragem adormecida!
E defendam vossa Madre quando for preciso;
"Vivamos ou morramos somos de Cristo!" [6]

“Recebe esta espada, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, serve-te dela para tua defesa, para a defesa da Santa Igreja de Deus e para a confusão dos inimigos da Cruz de Cristo. Vai e lembra-te que os santos não conquistaram os reinos pelo gládio, mas pela fé". [7]

O Deus dos Vivos encarregou-me de proclamar que se vingará de todos os que se recusem defendê-lo de seus inimigos. Às armas, pois! Que uma indignação sagrada vos anime ao combate, e que o grito do profeta vibre por toda a cristandade: "Maldito seja aquele que não ensangüentar a sua espada" (Jerem. XL VIII, 10). [8]

Jefferson Nóbrega


O poema teve como inspiração o maravilhoso artigo "A cavalaria" do professor Orlando Fedeli.[9]

[1] - Chanson de Roland, XCIII.
[2] - L. Gautier, La Chevalerie, pg. 86 da edição original, p.52 da edição Arthaud.
[3] - Carlos Magno (L.Gautier, ob. cit. pg.53 da edição original).
[4] - Guilherme de Tiro pregando a 3ª cruzada - apud Joseph François Michaud, História. das Cruzadas, Ed.das Américas, São Paulo, 19 ??, 7 volumes, Vol. IIl, -pg.12.
[5] - J.F. Michaud, História das Cruzadas, ed. cit., vol.II - pp..235/236 e A. Lubby, S. Bernardo
[6] - São Bernado Claravaral - Elogio aos Templários
[7] - L.Gautier, La Chevalerie, edição original, p.. 47 (Essa era a benção dada pelo Bispo ao novo Cavaleiro).
[8] - (S. Bernardo) J.F. Michaud, História das Cruzadas, ed. cit., vol.II - pp..235/236 e A. Lubby.
[9] - Fedeli, Orlando - "A Cavalaria" MONTFORT Associação Cultural.

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