É comum na atualidade, na igreja pós-conciliar, uma grande confusão quando trata-se da Fé. Isto deve-se, sem dúvida alguma, ao espírito protestante que está impregnado nos católicos contemporâneos, a mentalidade protestante que traz a Fé como sendo algo baseado na emoção.
A partir daqui, podemos compreender o motivo de movimentos modernistas, como a RCC e Canção Nova, imitarem músicas e outras peculiaridades protestantes, que instigam emocionalmente as pessoas.
Grupo de "Oração" da RCC |
Esta concepção emocional da Fé possui, sem dúvida alguma, um traço gnóstico, uma vez que uma das características da gnose é justamente o irracionalismo, bem como pregam os protestantes e carismáticos, quando dizem que a Fé não é intelectual, mas emocional.
Pois bem, a Fé, como nos ensina a Doutrina infalível da Santa Igreja, é uma virtude intelectual. Ou seja, a Fé é infundida por Deus no intelecto humano.
A alma humana possui três potências: inteligência, vontade e emoção.
Inteligência e vontade formam o intelecto, e é por elas que somos feitos à imagem e semelhança de Deus.
A emoção está mais ligada ao corpo, assim também os animais possuem emoção. Já os anjos, por serem mais semelhantes à Deus, não a possuem.
Cristo, sendo verdadeiro homem, se emocionou, pois na encarnação, assumindo a natureza humana, também assumiu uma alma humana.
Quanto à Fé, assim diz-nos o santo doutor da Igreja, São Tomás de Aquino: "Crer é um ato da inteligência, que presta seu assentimento à verdade divina, por determinação da vontade, movida pela graça de Deus" (Suma Teológica II-II, 2, 9).
Assim, a inteligência presta seu assentimento à verdade revelada, mas somente com a determinação da boa vontade da pessoa, movida pela graça de Deus, isto é, com a aquela certeza sobrenatural que Deus infunde na inteligência. Porém que fique claro, que esta certeza, Deus só infunde quando há consentimento da vontade.
Também cabe ressaltar, que o assentimento da Fé não é um movimento cego de espírito, mas baseia-se em provas da veracidade da doutrina Cristã, como os milagres de Jesus Cristo narrados nos Evangelhos, os milagres dos Santos atestados na História, o cumprimento das profecias, a propagação, estabilidade e santidade da Igreja, etc.
Existem porém pessoas, fora da Igreja, que vêem estas provas, e por sua má vontade não aceitam a Doutrina Católica, e assim Deus não pode dar à elas o dom da Fé.
Para exemplificar melhor, vou descrever como é o “mecanismo” de uma conversão:
Uma pessoa, não católica, conhece a Igreja. Esta pessoa, vendo por si própria ou sendo ensinada por outra, pode verificar aquelas provas que citei, e poderá ver por meio delas que a Doutrina Católica é verdadeira.
Contudo, não basta verificar tais provas da veracidade da Doutrina Católica. Esta pessoa precisa possuir boa vontade, para que então ela aceite as verdades de Fé que a Igreja ensina, e assim Deus possa infundir em seu intelecto uma certeza sobrenatural a cerca destas verdades, acerca da Doutrina Católica. Esta certeza sobrenatural chama-se Fé.
Porém, como já disse, existem pessoas que verificam as provas da veracidade da Doutrina Católica, mas devido à sua má vontade, dureza de coração, não querem saber dela. E à essas pessoas Deus não pode conceder o dom da Fé.
Portanto, a Fé é uma virtude intelectual, pois atua no intelecto humano, mesmo que as vezes as verdades de Fé estejam acima de nossa compreensão, como são os mistérios.
Para comprovar esta exposição acerca do Dom da Fé, eis o que nos diz o Concílio Vaticano I:
Concílio Vaticano I (1869-1870) |
1810. Cân. 1 – Se alguém afirmar que a razão humana é de tal modo independente, que Deus não possa impor-lhe a fé – seja excomungado [cf. nº 1789]
1811. Cân. 2 – Se alguém disser que a fé divina não se distingue do conhecimento natural de Deus e da moral, e que portanto para a fé divina não se requer que a verdade revelada seja crida por causa da autoridade de Deus que a revela – seja excomungado [cf. nº 1789].
1812. Cân. 3 – Se alguém disser que a revelação divina não pode tornar-se mais compreensível por meio de sinais externos, e que portanto os homens devem ser motivados à fé só, pela experiência interna individual ou por inspiração privada – seja excomungado [cf. nº 1790].
1813. Cân. 4 – Se alguém disser que não pode haver milagres, e que portanto todas as narrações deles, também as contidas na Sagrada Escritura, se devem relegar ao reino da fábula e do mito; ou disser que os milagres nunca podem ser conhecidos com certeza, nem se pode por eles provar a origem divina da religião cristã – seja excomungado [cf. nº 1790].
1814. Cân. 5 – Se alguém disser que o assentimento à fé cristã não é livre, mas resulta necessário dos argumentos da razão humana; ou disser que a graça de Deus só é necessária para a fé viva, que opera pela caridade [Gál 5,6] – seja excomungado [cf. nº 1795 s].
1815 Cân. 6 - Se alguém afirmar ser idêntica a condição dos fiéis e a daqueles que ainda não chegaram a fé única e verdadeira, assim que os católicos possam ter justa razão para duvidar da fé que abraçaram sob o Magistério da Igreja, suspendendo o assentimento até terem concluído a demonstração científica da credibilidade e veracidade da sua fé - seja excomungado [cf. nº 1795 s].
Realmente, precisamos imprimir alguns cânones do Concílio Vaticano I e colocar em lugares visíveis para que os católicos da atualidade - os católicos modernos, que seguem a doutrina moderna da “Igreja”, católicos que não seguem mais aquelas coisas ultrapassadas da “Idade das Trevas” - , possam ver e tomar ciência do que realmente é a Doutrina da Igreja, que é muito diferente desta doutrina modernista difundida pelo CVII.
In Corde Iesu, semper,
Marcelo Maciel.
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