Quae est ista quae ascendit de deserto, deliciis affluens, innixa super Dilectum suum? Quem é esta que sobe do deserto cheia de delícias e apoiada em seu Amado?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

As provas da existência de Deus

O terceiro discute-se assim — Parece que Deus não existe.

1. Pois, um dos contrários, sendo infinito, destrói o outro totalmente. E como, pelo nome de Deus, se intelige um bem infinito, se existisse Deus, o mal não existiria. O mal, porém, existe no mundo. Logo, Deus não existe.
2. Demais — O que se pode fazer com menos não se deve fazer com mais. Ora, tudo o que no mundo aparece pode ser feito por outros princípios, suposto que Deus não exista; pois, o natural se reduz ao princípio, que é a natureza; e o proposital, à razão humana ou à vontade. Logo, nenhuma necessidade há de se supor a existência de Deus.
Mas, em contrário, diz a Escritura (Ex 3, 14), da pessoa de Deus: Eu sou quem sou.


SOLUÇÃO. — Por cinco vias pode-se provar a existência de Deus. A primeira e mais manifesta é a procedente do movimento; pois, é certo e verificado pelos sentidos, que alguns seres são movidos neste mundo. Ora, todo o movido por outro o é. Porque nada é movido senão enquanto potencial, relativamente àquilo a que é movido, e um ser move enquanto em ato. Pois mover não é senão levar alguma coisa da potência ao ato; assim, o cálido atual, como o fogo, torna a madeira, cálido potencial, em cálido atual e dessa maneira, a move e altera. Ora, não é possível uma coisa estar em ato e potência, no mesmo ponto de vista, mas só em pontos de vista diversos; pois, o cálido atual não pode ser simultaneamente cálido potencial, mas, é frio em potência. Logo, é impossível uma coisa ser motora e movida ou mover-se a si própria, no mesmo ponto de vista e do mesmo modo, pois, tudo o que é movido há-de sê-lo por outro. Se, portanto, o motor também se move, é necessário seja movido por outro, e este por outro. Ora, não se pode assim proceder até ao infinito, porque não haveria nenhum primeiro motor e, por conseqüência, outro qualquer; pois, os motores segundos não movem, senão movidos pelo primeiro, como não move o báculo sem ser movido pela mão. Logo, é necessário chegar a um primeiro motor, de nenhum outro movido, ao qual todos dão o nome de Deus.
A segunda via procede da natureza da causa eficiente. Pois, descobrimos que há certa ordem das causas eficientes nos seres sensíveis; porém, não concebemos, nem é possível que uma coisa seja causa eficiente de si própria, pois seria anterior a si mesma; o que não pode ser. Mas, é impossível, nas causas eficientes, proceder-se até o infinito; pois, em todas as causas eficientes ordenadas, a primeira é causa da média e esta, da última, sejam as médias muitas ou uma só; e como, removida a causa, removido fica o efeito, se nas causas eficientes não houver primeira, não haverá média nem última. Procedendo-se ao infinito, não haverá primeira causa eficiente, nem efeito último, nem causas eficientes médias, o que evidentemente é falso. Logo, é necessário admitir uma causa eficiente primeira, à qual todos dão o nome de Deus.
A terceira via, procedente do possível e do necessário, é a seguinte — Vemos que certas coisas podem ser e não ser, podendo ser geradas e corrompidas. Ora, impossível é existirem sempre todos os seres de tal natureza, pois o que pode não ser, algum tempo não foi. Se, portanto, todas as coisas podem não ser, algum tempo nenhuma existia. Mas, se tal fosse verdade, ainda agora nada existiria pois, o que não é só pode começar a existir por uma coisa já existente; ora, nenhum ente existindo, é impossível que algum comece a existir, e portanto, nada existiria, o que, evidentemente, é falso. Logo, nem todos os seres são possíveis, mas é forçoso que algum dentre eles seja necessário. Ora, tudo o que é necessário ou tem de fora a causa de sua necessidade ou não a tem. Mas não é possível proceder ao infinito, nos seres necessários, que têm a causa da própria necessidade, como também o não é nas causas eficientes, como já se provou. Por onde, é forçoso admitir um ser por si necessário, não tendo de fora a causa da sua necessidade, antes, sendo a causa da necessidade dos outros; e a tal ser, todos chamam Deus.
A quarta via procede dos graus que se encontram nas coisas. — Assim, nelas se encontram em proporção maior e menor o bem, a verdade, a nobreza e outros atributos semelhantes. Ora, o mais e o menos se dizem de diversos atributos enquanto se aproximam de um máximo, diversamente; assim, o mais cálido é o que mais se aproxima do maximamente cálido. Há, portanto, algo verdadeiríssimo, ótimo e nobilíssimo e, por conseqüente, maximamente ser; pois, as coisas maximamente verdadeiras são maximamente seres, como diz o Filósofo1. Ora, o que é maximamente tal, em um gênero, é causa de tudo o que esse gênero compreende; assim o fogo, maximamente cálido, é causa de todos os cálidos, como no mesmo lugar se diz2. Logo, há um ser, causa do ser, e da bondade, e de qualquer perfeição em tudo quanto existe, e chama-se Deus.
A quinta procede do governo das coisas — Pois, vemos que algumas, como os corpos naturais, que carecem de conhecimento, operam em vista de um fim; o que se conclui de operarem sempre ou freqüentemente do mesmo modo, para conseguirem o que é ótimo; donde resulta que chegam ao fim, não pelo acaso, mas pela intenção. Mas, os seres sem conhecimento não tendem ao fim sem serem dirigidos por um ente conhecedor e inteligente, como a seta, pelo arqueiro. Logo, há um ser inteligente, pelo qual todas as coisas naturais se ordenam ao fim, e a que chamamos Deus.


DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Como diz Agostinho, Deus sumamente bom, de nenhum modo permitiria existir algum mal nas suas obras, se não fosse onipotente e bom para, mesmo do mal, tirar o bem3. Logo, pertence à infinita bondade de Deus permitir o mal para deste fazer jorrar o bem.
RESPOSTA À SEGUNDA. — A natureza, operando para um fim determinado, sob a direção de um agente superior, é necessário que as coisas feitas por ela ainda se reduzam a Deus, como à causa primeira. E, semelhantemente, as coisas propositadamente feitas devem-se reduzir a alguma causa mais alta, que não a razão e a vontade humanas, mutáveis e defectíveis; é, logo, necessário que todas as coisas móveis e suscetíveis de defeito se reduzam a algum primeiro princípio imóvel e por si necessário, como se demonstrou

7 comentários:

Arnaldo Ribeiro disse...

REVELAÇÃO/EXORTAÇÃO
Urge difundirmos na terra a certeza de que Jesus Cristo já vive agindo entre nós, espargindo a luz do saber em sí, criando Irmãos Espirituais, e a nova era Cristã. Eu não minto, e a Espiritualidade que esperava pela sua volta, pode comprovar que digo a verdade. Por princípio, basta recompormos as 77 letras e os 5 sinais que compõe o título do 1º. livro bíblico, assim: O PRIMEIRO LIVRO DE MOISÉS CHAMADO GÊNESIS: A CRIAÇÃO DOS CÉUS E DA TERRA E DE TUDO O QUE NÊLES HÁ: Agora, pois, todos já podem ver que: HÁ UM HOMEM LENDO AS VERDADES DO SEU ESPÍRITO: ÊLE É O GÊNIO CRIADOR QUE ESSA AÇÃO DE CRISTO: (LC.4.21) – Então passou Jesus a dizer-lhes: Hoje se cumpriu a escritura que acabais de ouvir: (JB.14.17) – O Espírito da verdade que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem conhece, vós o conheceis; porque Ele habita convosco e estará em vós.(MT.14.27) – Tende ânimo! Sou Eu: Não temais: (JB.2.5) – Fazei tudo o que Ele vos disser, (JB.5.27) – porque é o Filho do Homem: (JÓ.9.19) – Se se trata da força do poderoso Ele dirá: Eis-me aqui: Regozijai-vos e fazei jus ao poder que o Nosso Espírito traz às Almas Justas, para a formação da verdadeira Cristandade.

(MT.26.24) – O FILHO DO HOMEM VAI, COMO ESTÁ ESCRITO A SEU RESPEITO, MAS AI DAQUELE POR INTERMÉDIO DE QUEM O FILHO DO HOMEM ESTÁ SENDO TRAIDO! MELHOR LHE FÔRA NÃO HAVER NASCIDO:

E, ao recompormos as 130 letras e os 7 sinais que compõem esse texto, todos já podem ler, saber, e entender quem é o Filho do Homem:

E O FILHO DO HOMEM É O ESPÍRITO QUE TESTA AS ALMAS DO HOMEM E DA MULHER, NA VERDADE DO SENHOR, COMO CRISTO: E EIS A PROVA QUE O FILHO DO HOMEM FOI TREINADO NA LEI CRISTÃ:

DESPERTAI-VOS, FUTUROS CRISTÃOS: : (MC.14.41) – Ainda dormis e repousais! Basta! Chegou a hora, o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores: E à partir desse Santo Dia, quem desejar interagir conosco na obra comum da nossa criação, precisa fundamentar-se n`A Bibliogênese de Israel; que já está disponível na internet (Editora Biblioteca 24x7). E quem não quiser, pode continuar vivendo de esperança vã, assistindo passivamente a agonia da vida terrena, à par da auto-destruição do nosso planeta...

Anônimo disse...

Falácias velhas, surradas e refutadas. O deus onipotente precisa de falácias para "provar" sua existência. Que cômico!

Anônimo disse...

No dia em que a existência de deus for provada ele será apenas mais um objeto de estudos da ciência. Será rotulado e classificado como qualquer outra descoberta centífica. NENHUM CIENTISTA FICA OU FICARÁ REZANDO PARA SUAS DESCOBERTAS.

Marcelo disse...

Salve Maria, Arnaldo!

Acaso você é algum tipo de protestante apocalíptico que tenta decodificar mensagens na Bíblia?! Ora meu amigo, largue disso e vá se orientar!

Isso é uma das consequências do amado livre-exame protestante.

In corde Iesu,
Marcelo Maciel.

Marcelo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcelo disse...

Jairoluix, Salve Maria!

Você se refere às 5 vias de São Tomás como "Falácias velhas, surradas e refutadas."
Já que você possui tanta certeza assim que estas provas são refutáveis, digne-se à refutá-las aqui! Isto é um desafio! (Como se fosse possível tal coisa).

Quanto à Deus, Ele não precisa que provemos sua existência. Mas apenas criou o universo de tal modo que é possível conhecer sua existência a partir dele, e para tanto deu-nos uma inteligência capaz disso, mesmo que venha um Jairoluix dizer o contrário.

Quanto ao fato de Deus ser um objeto de estudo, nisto não há problema algum. Tudo que é cognoscível à luz da razão natural é objeto de estudo.
Porém cabe ressaltar que a existência de Deus não é provável empiricamente, ou seja, com experiências de laboratório, visto que Deus não possui matéria.
Mas Deus é objeto de estudo da ciência filosófica, pois Ele mesmo deu-nos capacidade de conhecê-lo, como recém afirmei.

O problema são estes gnósticos, subjetivistas, irracionalistas, entre os quais enquadram-se os protestantes neopentecostais que, seguindo a linha de Kant, mesmo não sabendo quem era o herege, negam que se possa conhecer a existência de Deus pela razão.
E o mais absurdo não é esta negação, mas sim fazê-la no post onde as provas encontram-se. E, pasme, mais absurdo ainda é escrever estas heresias de comentários e não provar nada do que disse.
As provas de São Tomás são irrefutáveis, pois são verdadeiras!

Não crê? Então leia-as e tente refutá-las. Quando conseguir, volte à escrever-nos.

Até nunca mais.

In corde Iesu,
Marcelo Maciel.

Rui disse...

O texto está bem feito, e traduz as 5 vias de S. Tomás. No entanto, talvez fosse útil simplificar, e apanhar o fio condutor de todo o pensamento. Ademais, é necessária uma nota acerca da possibilidade de o Universo existir em tempo infinito, o que é diferente de ser eterno.
Vejamos bem que a chave para se entender estas 5 vias é a noção de contingente. O contingente é aquilo que, existindo, não existe por necessidade absoluta, poderia não existir, e pode deixar de existir. Ora, Parménides já havia intuido que o ser não pode não ser: é forçoso que o ser exista, porque os entes, as coisas que existem, existem de facto, e do nada absoluto nada advém - o nada-de-ser não é, nunca foi, e e é impossivel que seja. Mas, recorde-se, os entes que nos rodeiam, a totalidade do Universo, é contingente.
Assim, se o ser não pode não ser, ao passo que tudo o que existe pode não ser - é contingente - é necessária a existencia de um ser que não possa não ser, e esse ser é Deus.
Falei há pouco na possibilidade de o Universo ser infinito, quer em espaço como em tempo. S. Tomás não excluia essa hipotese. Talvez um ateu nos diga que, embora os entes que compõem o Universo sejam contingentes, talvez o Universo, no seu conjunto, seja o ser necessário. Ora, isto não faz sentido: um conjunto feito de entes contingentes, é um conjunto contingente e, por isso, necessitado do Principio de razão suficiente: se é um conjunto contingente, a sua causa está fora de si. E, dirão alguns, se o Universo for infinito em tempo e espaço, existindo desde sempre? Nesse caso, é infinitamente contingente. Apelar para a a infinitude do Unicverso, bem para ma série infinta de causas, não reslove a questão: apenas adia, aumentando a bagagem, mas mantendo a questão de fundo insolúvel.

Um autor referia a questão de a ciencia provar a existencia de Deus... ora, o autor não entendeu o alcance e o limite da prova racional da existencia de Deus. Ademais, tal prova científica, baseada na mensurabilidade, é impossivel, e absurda de ser procurada. A questão de Deus não é de ambito científico, mas filosófico: a cencia trata de fenómenos e sua relações, ao passo que a teologia filosófica trata do problema do devir, da contingencia, do ser. Na verdade, o autor dá prova de ignorancia, ao afirmar que, provada a existencia de Deus, nenhum cientista fica: há muitos cientistas crentes, e não é por isso que são melhores ou piores que os outros: simplesmente ciencia e filosofia tratam de questões diferentes, e com métodos diferentes; a questão de Deus não é da competencia da ciencia, porque esta trabalha com dados mensuráveis, logo contingentes - O Ser Necessário está fora da sua esfera.
Além disto, se alguém, pelo método científico, afirmasse ter provado a existencia de Deus, estaria bem equivocado, pois Deus, que possui a plenitude do ser, não é mensurável: se se analisasse Deus em partes, uma parte seria nada-da-outra, e vice versa (isto é um traço dos entes contingentes).
Quando colocada a questão central de "porque existe o existir?", e colocada de forma séria, em chave filosófica, a existencia de Deus é evidente - o ser não pode não ser.

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