Quae est ista quae ascendit de deserto, deliciis affluens, innixa super Dilectum suum? Quem é esta que sobe do deserto cheia de delícias e apoiada em seu Amado?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Vizinhança do Barulho!

Por Jefferson Nóbrega

Em outra oportunidade vos contei a história do famoso Pastor José, pois bem, agora apresentarei outro personagem conhecido na cidade, o grande inimigo do amado Pastor, e não pense que é o “tinhoso” que ele insisti em afirmar que expulsa. Não, o inimigo mortal dele é um senhor de oitenta anos conhecido como “Seu Joaquim”.

Seu Joaquim é um homem super simpático e divertido, sempre a contar piadas, possui um bom humor inigualável e que contagia todo mundo. Mas, é arrebatado por uma nuvem de trevas quando encontra com o Pastor José, seu humor fica mais tenebroso que a Transilvânia em dia de apagão. E isso tudo começou há pouco tempo.

Quando nasci o velho Joaquim já vivia por estas terras, dizem que veio para o planalto central já em idade avançada, só sei que sempre o conheci com aqueles cabelos grisalhos. Ficava impressionado com a habilidade que ele possuía com o pião, ele rodava como ninguém, girava o pião na mão, na unha e até no chapéu! Conheço bastante sobre a vida dele, já que meu pai e ele sempre conversavam enquanto escutavam uma moda de viola.
O velho de chapéu deixou à Bahia em busca de sossego, soteropolitano viveu até a idade avançada em Salvador, passou a vida inteira escutando o trio elétrico que passava por sua rua. Lembra que o velho carro com alto-falante evoluiu de tal maneira, que a foto de seus pais pintada à mão despencava da parede com a pancada do som. As rachaduras na casa mostravam o quanto aqueles velhos tímpanos que já não eram os mesmos, haviam sofrido. Foi quando decidiu morar na capital, ao chegar ficou tão bestificado com a beleza da cidade quanto havia ficado “João de Santo Cristo”. Comprou uma casa na periferia, reduto dos nordestinos, e encontrou um pouco da tranqüilidade que sempre buscou. Entre as duas árvores plantadas em frente sua casa ele sempre estendia uma rede para tirar um bom cochilo.

Mas, recentemente sua paz foi tirada, seus dias de tranqüilidades foram tomados. As lembranças dos trios elétricos renascidas. E tudo isso por um único evento, capaz de tirar a paz de qualquer pessoa! As batucadas doem no coração, as palmas parecem que estão sendo batidas dentro de sua cabeça e a gritaria tira-lhe o sono. A rede já não é mais estendida, as janelas só ficam fechadas, e Seu Joaquim tornou-se um velho rabugento.

Vocês devem estar se perguntando: O que ocorreu? Será que abriu uma boate na rua? Uma casa de shows? Um bar?

Não amigos, a casa vizinha foi alugada pelo Senhor José e transformada em uma Igreja. Quem pensa que o cúmulo do barulho são dois esqueletos fazendo amor em um telhado de zinco, não conheceu a Igreja do Povo eleito de Deus. Nem as sete trombetas do apocalipse tocadas juntas são capazes de fazer tamanho barulho!

Certa vez as guitarras, baixos, bateria, pandeiros, palmas, danças, gritos, e a pregação em volume máximo do Pastor provocaram a ira dos vizinhos. Dona Rosangela, esposa do Joaquim, mesmo com a TV em volume máximo, assistia o final de sua novela favorita por leitura labial. O velho baiano andava de um lado para o outro tentando manter o controle. Mas, chegou um momento em que perdeu as estribeiras, foi à porta da igreja reclamar, e iniciou uma discussão. Os vizinhos também cansados de tudo tomaram partido dele, o culto parou, a discussão foi tomando grandes proporções, ninguém se entendia, realmente todos ali agora falavam “línguas estranhas”, até que o espírito santo que inspirava a dançar o reteté saísse e desse lugar ao espírito de Ira. Foi um quebra-pau daqueles que só parou na delegacia.

E assim tem sido a vida do velho Joaquim, agora com uma placa de “vende-se” em frente a sua residência, cansado de denunciar e de acionar a justiça, desistiu de lutar, afinal já não tem idade nem saúde para se envolver nesse tipo de situação.

Enquanto isso a Igreja do pastor José segue a todo vapor, gritando cada vez mais alto para que o Deus que escruta os corações possa escutar suas vozes.




Por Jefferson Nóbrega

3 comentários:

Anônimo disse...

Adorei seu blog escreve legal vai no alvo, show de bola!!!!.
Muito bom o texto.

*.* disse...

Obrigado amigo,

Convido-lhe a ler o outro episódio da "saga" do pastor: http://www.digitusdei.com.br/2010/05/apologetica-atraves-de-cronicas-contos.html

Pax et bonvs!

Jefferson Nóbrega

Anônimo disse...

Será que essses birutas acham que Deus é surdo? Rs...

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