"Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados. Nessa época, a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil." (Leão XIII em Encíclica "Immortale Dei", de 1º-11-1885 - "Bonne Presse", Paris, vol. II, p. 39).
5 Mitos sobre a Idade Média
1. Na Idade Média todos pensavam que a Terra era plana.
Dante em A Divina Comédia (1300) escreve: ‘Com o rosto, com a vista percorri todas as sete esferas (os sete céus que Dante já visitara) e vi este globo tal que eu sorri de seu aspecto pequeno ou vil’
"O astronômo, por exemplo, demostra a mesma conclusão que o físico, ou seja, a esfericidade da Terra."(São Tomás de Aquino Suma I., q.1, a.1, ad2)
"Terra rotunda est" Adam de Wodeham (1357)
Deus criando o universo através de princípios geométricos. Capa da Bíblia Moralisée, 1215.
Otão III representação feita entre 983 - 1002 [NOTE O GLOBO NA MÃO]

Nossa Senhora de Montserrat, escultura policroma em madeira (fins doséculo XI) [NOTE O GLOBO NAS MÃOS]
O que a Bíblia diz: ‘E cada dia eu me deleitava brincando continuamente diante dEle, brincando sobre o globo da Terra’. (Provérbios VIII, 30-31)
2. Na Idade Média a Igreja vendia indulgências para entrada no céu.
Para que serviam as indulgências?
São Tomás de Aquino: “Sendo o pecado um ato desordenado, é evidente que todo o que peca, age contra alguma ordem. E é portanto decorrência da própria ordem que seja humilhado. E essa humilhação é a pena” ( S. Th. 1´2, q. 87, a.1; DI, ref. 3)
Santo Agostinho: “toda iniquidade, pequena ou grande, deve ser punida, ou pelo próprio homem penitente, ou então por Deus ...” (Com. Salmos LVIII 1,13).
Exemplos bíblicos: Que a pena temporal deve ser paga são vistos nitidamente no fato de Davi, culpado por homicídio, mesmo sendo perdoado por Deus, teve que pagar a pena de ter a morte de seu filho. Outro exemplo é Moisés Aarão que embora perdoados por Deus tiveram como pena não poder entrar na Terra prometida. (mais: Num 14,19-23; 2 Sam 12,13-14; 1 Cor 11,27-32; Heb 12,6-8)
As esmolas das indulgências eram utilizadas em diversas obras de caridade, em igrejas, hospitais, leprosarias, instituições beneficentes e escolas. (em Enrico dal Covolo: The Historical Origin of Indulgences)
“a fim de que fosse distribuído misericordiosamente àqueles que estão verdadeiramente arrependidos e confessados” (Bula Unigénitus Dei Fílius: DS 1026, Papa Clemente VI em 1343)
As indulgências foram criadas para o enriquecimento da Igreja?
“Acrescente-se que com indulgências irracionais e excessivas, que alguns prelados concedem sem consideração, aumenta-se o desprezo sobre o poder das chaves da Igreja...” (Concílio Lateranense IV, 1215: DS 819)
“Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do Papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido”. (Lutero tese Lutero nº 91)
“Deve-se ensinar aos cristãos que, se o Papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas”. (Lutero tese nº 50)
Obs: Os dois último registros foram escritos em plena idade moderna. Pus aqui para mostrar que mesmo nas revoltas de Lutero, sabia-se que a Igreja não agia de má fé nessa doutrina.
3. Na Idade Média a Igreja era a favor da escravidão.
Errado. A Igreja repetia o que a Bíblia ensina:
"Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis." (Colossenses 3, 22-24)
"Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e humanos, mas também aos maus." (1 Pedro, 2,18)
"Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados." (1 Timóteo 6,1)
A Igreja sempre quis a liberdade dos escravos e efetuou-a:
“Há uma coisa a respeito da qual desejamos admoestar-vos em tom paterno; se não vos emendardes, cometereis grande pecado, e, em vez do lucro que esperais, vereis multiplicadas as vossas desgraças. Com efeito, por instituição dos gregos, muitos homens feitos cativos pelos pagãos são vendidos nas vossas terras e comprados por vossos cidadãos que os mantêm em servidão. Ora consta ser piedoso e santo, como convém a cristãos, que, uma vez comprados, esses escravos sejam postos em liberdade por amor a Cristo, a quem assim proceda, a recompensa será dada não pelos homens, mas pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isto exortamo-vos e com paterno amor vos mandamos que compreis dos pagãos alguns cativos e os deixeis partir para o bem de vossas almas.” (Papa João VIII em 873)
“A escravidão acabou na Europa medieval somente porque a Igreja estendeu seus sacramentos a todos os escravos e depois trabalhou para impor a proibição da escravidão de cristãos (e de judeus). No contexto da Europa medieval, essa proibição foi de modo efetivo, uma lei de abolição universal."
“Muitas emancipações foram registradas em documentos que ainda perduram. A doutrina de que os escravos eram humanos e não gado teve outra conseqüência importante: o casamento entre livres e escravos. (...) há sólidas provas de uniões mistas já no século VII, envolvendo, pelo geral, homens livres e mulheres escravas. A mais famosa dessas uniões teve lugar em 649, quando Clovis II, rei dos Francos, desposou sua escrava britânica Bathilda. " (Rodney Stark, “A Vitória da Razão” Ler mais (http://gloriadaidademedia.blogspot.com/2009/10/igreja-extirpou-escravidao-na-idade.html) )
Segundo Paul Allard que foi um arqueólogo, historiador e jurista francês, a escravidão já estava “quase inteiramente terminada, ou pelo menos inteiramente preparada, antes da segunda metade do século VI” (Gli Schiavi Cristiani”, Libreria Editrice Fiorentina, 1916)
4. Na Idade Média a Igreja proibia a leitura da Bíblia.
Argumento lógico: Na Idade Média a imprensa ainda não tinha sido inventada. Os primeiros livros impressos foram os da Bíblia, por Johannes Gutenberg por volta de 1450 a 1455 (a Idade Média terminou em 1453 dC.)
Os religiosos levavam quase uma vida para terminarem uma só cópia dos livros sagrados, então é claro, por este motivo, seria impossível a distribuição para toda a população.
Aconteceu que na Idade Média a Igreja para proteger os fiéis das heresias se viu obrigada a proibir aos cristãos leigos a leitura da Bíblia para não cairem em farsas. Mas isso aconteceu somente em determinadas regiões. Ex: concílios regionais de Tolosa (1229) e Tarragona (1234) contra as heresias heresia dos Cátaros ou Albigenses.
5. Na Idade Média a Igreja Católica com a Inquisição perseguia protestantes, judeus e muçulmanos.
O protestantismo teve seu início em 1517, na Idade Moderna.
A Inquisição foi criada para combater heresias. Foi feita contra hereges católicos. Os membros de outras 'religiões' não eram perseguidos. Resumindo: A Inquisição foi somente para os católicos que traíssem a fé.
Papa Gregório IX em a bula Licet ad capiendos (em 1233 onde reiniciou a Inquisição): "Onde quer que os ocorra pregar estais facultados, se os pecadores persistem em defender a heresia apesar das advertências, a privá-los para sempre de seus benefícios espirituais e proceder contra eles e todos os outros, sem apelação, solicitando em caso necessário a ajuda das autoridades seculares e vencendo sua oposição, se isto for necessário, por meio de censuras eclesiásticas inapeláveis."
Ora, a privação dos benefícios espirituais é não poder receber os sacramentos, ou seja, ser excomungado. Isto só poderia se dar aos que se diziam católicos.
George Sokolsky, editor judeu de Nova York, em artigo intitulado: Nós Judeus, disse:
"A tarefa da Inquisição não era perseguir judeus, mas limpar a Igreja de todo traço de heresia ou qualquer coisa não ortodoxa. A Inquisição não estava preocupada com os infiéis fora da Santa Igreja, mas com aqueles heréticos que estavam dentro dela (Nova York, 1935, pg. 53).
Dr. Cecil Roth, especialista em História do Judaísmo, declarou num Forum sionista em Bufalo, (USA):
"Apenas em Roma existe uma colonia de judeus que continuou a sua existência desde bem antes da era cristã, isto porque, de todas as dinastias da Europa, o Papado não apenas recusou-se a perseguir os judeus de Roma e da Itália, mas também durante todos os períodos, os Papas sempre foram protetores dos judeus.
(...) A verdade é que os Papas e a Igreja Católica, desde os primeiros tempos da Santa Igreja, nunca foram responsáveis por perseguições físicas aos judeus, e entre todas as capitais do mundo, Roma é o único lugar isento de ter sido cenário para a tragédia judaica. E, por isso, nós judeus, deveríamos ter gratidão " (25 de Fev de 1927).
Filósofo Olavo de Carvalho:
"Enquanto os heresiarcas eram processados, os livros dos pensadores judeus e muçulmanos não apenas continuavam a circular livremente mas eram estudados e debatidos nas universidades e tidos em alta conta pelos filósofos cristãos."(Rodericus Constantinus Grammaticus - 3.)
Nelson Monteiro.
2 comentários:
vc me surpreende a cada postagem *-*
Muito boa as informaçoes
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