Quae est ista quae ascendit de deserto, deliciis affluens, innixa super Dilectum suum? Quem é esta que sobe do deserto cheia de delícias e apoiada em seu Amado?

sábado, 29 de dezembro de 2012

Razão de que a Sagrada Escritura seja obscura. Confusão das interpretações heréticas

                               




Fragmento 118

São Francisco de Sales
É coisa muito certa que as Sagradas Escrituras contenham com muita claridade a doutrina necessária para vossa salvação, e que bom método de interpretá-la é concordar umas páginas com as outras e reduzir o todo à analogia da fé. Assim se tem recomendado sempre. De todos os modos, não deixo de crer muito convencido e de dizer constantemente que, apesar da admirável e amável claridade da Escritura nas coisas necessárias, o espírito humano não acerta sempre com seu verdadeiro sentido, e pode equivocar-se.
Com efeito, erra muito frequentemente na compreensão dos parágrafos mais claros e mais necessários para fundamentar a fé, como demonstram os erros luteranos e os livros calvinistas que, sob a direção dos padres da pretendida reforma, sempre vivem em irreconciliável contenda sobre a interpretação das palavras com que foi instituída a Eucaristia. Gabam-se de haver estudado cuidadosamente e fielmente o sentido dessas palavras pela relação que tem com outras passagens da Escritura, submetido tudo ele à analogia da fé, mas seguem interpretando diversamente textos de grande importância.
A Escritura é clara em suas palavras, mas o espírito humano é obscuro e, como a coruja, não pode ver a claridade. O procedimento indicado resulta excelente, mas o homem não sabe aproveitar dele. O espírito de Deus nos tem dado a Escritura, e nos revela seu verdadeiro sentido, mas só a sua Igreja, coluna e apoio da verdade; Igreja cujo ministério o espírito divino guarda e mantém sua verdade, isto é, o verdadeiro sentido de sua palavra; Igreja, enfim, que é a única que conta com a assistência do Espírito da verdade para encontrar adequada e infalivelmente a verdade na palavra de Deus. O que busca a verdade da palavra divina fora da Igreja, que é sua custódia, nunca a encontrará; e o que quer possuí-la por meio distinto ao de seu ministério, em vez desposar-se com a verdade, o fará com vaidade; ao invés de possuir a claridade do Verbo sagrado, seguirá as ilusões do anjo mentiroso, que se transfigura de anjo de luz.
(Extr.:  Obras Selectas de San Francisco de Sales, II, p. 752, Madrid, 1954)

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